Durante oito anos liderou a Junta de Freguesia da Vieira de Leiria, eleito pelas listas do Partido Socialista. Desses dois mandatos, Joaquim Tomé recorda com orgulho a obra que queixou à população, mas lembra sobretudo a dificuldade que foi fazer muito com tão poucos recursos.
Actualmente afastado dos holofotes políticos, Joaquim revela que outros prazeres descobriu agora, no papel de aposentado.
Joaquim Tomé nasceu há 65 anos em Vieira de Leiria, vila onde o pai trabalhava como encarregado geral na fábrica de limas e onde a mãe explorava uma salsicharia. Depois da escola primária, em Vieira de Leiria, e da Escola Industrial e Comercial na Marinha Grande, Joaquim tirou o curso geral de liceu, em Leiria e, aos 18 anos, começava a trabalhar.
O seu primeiro emprego foi no escritório da fábrica de limas, de Tomé Fèteira, que era ainda seu parente.
O percurso profissional foi interrompido pelo serviço militar, que Joaquim Tomé cumpriu em Moçambique. Foram apenas seis meses, já depois do 25 de Abril, pelo que todas as recordações desse período são boas, quer dos amigos que fez quer das belas paisagens que por lá conheceu.
Em 1975 casou com a namorada, e companheira de sempre, uma vizinha de Vieira de Leiria que estava emigrada em França. Joaquim segui-lhe os passos e emigrou também para França, onde viriam a nascer os seus dois filhos. Começou por trabalhar na Peugeot, mais tarde no Banco Borges e Irmão e ainda frequentou dois anos de faculdade, mas teve de deixar o emprego e o curso de Direito Administrativo para regressar a Portugal e dar apoio à mãe, doente, que entretanto enviuvara.
Decorria o ano de 1988 e tinham passado 11 anos desde que tinha emigrado. Era o momento de voltar ao País, até para que a integração dos filhos na escola portuguesa não se tornasse demasiado complicada, recorda Joaquim Tomé.
Uma vez regressado, foi sempre no Banco Comercial Português que fez o seu percurso profissional. Mas os dias nem sempre foram fáceis, entre tantas sucursais onde esteve destacado. Coimbra, Caldas da Rainha, Pombal, Leiria, Marinha Grande e Viera de Leiria foram alguns dos locais por onde passou.
O envolvimento na política activa aconteceu já depois de se aposentar. Até porque o primeiro episódio relacionado com o tema não foi dos mais agradáveis. Decorria o ano de 1973 quando foi chamado à PIDE para um interrogatório de dois dias. Joaquim Tomé frisa que nada tinha a ver com as acções políticas do MRPP, mas bastou ter amigos naquele movimento para ser identificado pela polícia do Estado.
Já estava reformado do banco quando aceitou integrar a lista do PS à Junta de Vieira de Leiria. “Pensei que poderia fazer um bom trabalho e acabei por fazer dois mandatos”, conta o ex-autarca. “Quando entrei não sabia muito sobre a actividade. Depois vi que falta tudo. Faltam recursos humanos, materiais e financeiros. As pessoas trabalham para fazer muito com pouco. É preciso engenho, porque o Estado dá muito pouco auxílio financeiro”, salienta Joaquim Tomé. “A minha ambição política nasceu e morreu na Vieira”, expõe o ex-presidente, que deixou a Junta em 2017 para se dedicar a outros prazeres.
[LER_MAIS] Agora, além de acompanhar mais a neta, de dez anos, a quem vai levar e buscar à escola, Joaquim Tomé diz que se dedica sobretudo à bricolagee também ao exercício, sejam as caminhadas ou os passeios de bicicleta. É um vício saudável, de quem chegou a jogar futebol e a praticar atletismo na mocidade, conta o ex-autarca.