O coro feminino Ninfas do Lis prepara-se para editar um novo CD, no dia 3 de Outubro. É uma compilação de temas com uma origem especial…
O CD chama-se Ninfas do Lis cantam Belo Marques e contém músicas originais de Belo Marques, que foi um compositor de Leiria. São 16 temas a quatro vozes, escritos por esse autor e outro tema, que é a canção Leiria, que Belo Marques escreveu apenas para uma voz e para a qual escrevi um arranjo para coro. Penso que muita gente desconhecerá que ele criou música polifónica a capela…
Este autor, embora seja um dos mais importantes nomes da música portuguesa do século XX, é, hoje, relativamente desconhecido.
Além do tema mais conhecido – Quem passa por Alcobaça; Não passa sem lá voltar – ele formou a Orquestra Típica Portuguesa, dirigiu a Orquestra de Variedades e o Centro de Preparação de Artistas. Escreveu marchas populares e criou música para 20 revistas e meia-dúzia de filmes. Fez recolhas etnográficas em Moçambique… escreveu centenas de canções. Criou temas para quartetos vocais masculinos e para um quarteto feminino. Chegou mesmo a escrever peças de cariz mais erudito, mas o grosso da sua música é de cariz ligeiro.
Como foi que o Ninfas do Lis acabou por abraçar este projecto?
O maestro Joaquim Vicente Narciso alertou-me para o facto de o Arquivo Distrital de Leiria ter recebido um acervo de 16 peças de Belo Marques – a 17.ª é Leiria, que tem características ligeiramente diferentes. O maestro ligou-me a propor este trabalho, dizendo: “Leiria tem agora um coro especial que é o Ninfas do Lis e temos de agarrar a oportunidade de ser este colectivo a gravar as peças de Belo Marques”. Encontrei-me com ele e fomos ver as canções. Admito que, no início, não me pareceu que os temas fossem tão interessantes como agora acho. Eram canções com bastante valor e suficientemente interessantes para agarrar o projecto, mas, aos poucos, fui-me apercebendo que aquela música é muito mais profunda do que me tinha parecido no primeiro contacto. Tem nuances muito interessantes, tem progressões harmónicas inesperadas que não se encontram noutros compositores. Não foi fácil para um coro que só ensaia uma vez por semana, trabalhar 17 peças do mesmo estilo. Foi cansativo, mas agora que temos o resultado final, toda a gente gosta. A apresentação será no dia 3, na Fundação Caixa Agrícola, em Leiria, integrado no Há Música na Cidade.
Sente que há um cunho seu neste CD?
Na preparação do CD, passei por uns tempos conturbados a nível pessoal e isso marca um pouco o trabalho. Durante a preparação das peças, que demorou cerca de ano e meio, fui “passar umas férias” ao hospital, com um problema de saúde. Mas já recuperei.
Como tem sido a evolução do coro, desde o último CD, há cerca de dois anos?
De um ano para o outro, saem sempre alguns elementos e entram outros. Para a gravação do CD, algumas das raparigas tiveram de sair da formação por questões profissionais, já que uma ou outra foram para o estrangeiro. Há sempre mudanças. Neste momento, o coro tem cerca de 30 coralistas e o número tem-se mantido, mesmo com as alterações. O nível qualitativo mantém-se muito próximo do que tinha nos últimos anos.
Perfil
O coralista da Genética
Mário Nascimento nasceu em São Mamede de Ribatua, no Alto Douro, há 42 anos. Desde os 11 anos tocou fliscorne na banda filarmónica da sua aldeia e dedicou-se à direcção coral. Licenciou-se em Engenharia Agrícola e fez mestrado em Recursos Genéticos na Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, tendo leccionado Genética esta universidade.
Em 1997, começou a estudar técnicas de composição com António Cartageno e Eugénio Amorim, formação musical com Luís Lopes, direcção coral com Edgar Saramago, Vasco Negreiros, António Lourenço e Martin Schmith, e direcção de orquestra com Vasco Pearce Azevedo.
Em 2003, concluiu a licenciatura em Ensino de Música (área de Teoria e Formação Musical), na Universidade de Aveiro. Dirigiu vários coros, e cantou no Coral de Letras da Universidade do Porto, dirigido por José Luís Borges Coelho, bem como no Vocal Ensemble, dirigido por Vasco Negreiros.
Em 2005, dirigiu a cantata Santo Agostinho, e em 2007 a oratória Fátima, sinal de Esperança para a Humanidade (obras de António Cartageno). Hoje, é professor de Formação Musical e de Classe de Conjunto na Escola de Música do Orfeão de Leiria, dirige o Coro do Conservatório Sénior do Orfeão de Leiria e é maestro do Coro Ninfas do Lis.
Leia mais na edição impressa ou descarregue o PDF gratuitamente