Gosta de regressar a casa onde o futebol se perde no meio das saudades e dos reencontros, mas acaba por ser tema da curiosidade de quem o conhece desde pequenino. Natural de Ferrel, no concelho de Peniche, descreve a terra como o seu cantinho onde está a família e os amigos de infância com quem gosta de jantar, beber um copo e ir à praia do Baleal. Foi por lá que sonhou com uma vida profissional no mundo do futebol enquanto dava os primeiros toques na bola nos tempos de escola.
“Eu queria tanto trabalhar no futebol que, desde muito cedo, comecei a direccionar a minha atenção para o treino”, confidencia, aos 38 anos, Vítor Severino.
Conta que teve de “começar por baixo” porque “não é fácil entrar no futebol profissional não tendo sido jogador profissional, ainda por cima sendo de Ferrel que é um meio pequeno”.
Rumou à cidade dos estudantes para se licenciar em desporto, fez for- mações e estagiou na Académica de Coimbra onde começou a trabalhar com os mais novos e progrediu ao longo de uma década até ser treina- dor da equipa B e coordenador geral do clube.
Mas a vida acabaria por mudar numa formação realizada em Espanha, onde conheceu o treinador Luís Castro que o convidou para trabalhar no Futebol Clube do Porto. “Foi aí que comecei a trabalhar a tempo inteiro no futebol”, acrescenta quem acabou por estar três anos ao serviço dos dragões na equipa B e na formação.
Seguiu-se, em conjunto, um percurso por Rio Ave, Chaves, Vitória de Guimarães e a equipa ucraniana Shakhtar Donetsk. Agora a dupla portuguesa acaba de fechar com ouro uma época à frente do Al-Duhail, a equipa da primeira liga do Qatar que há poucos dias conquistou a Taça do Emir.
Para o treinador-adjunto principal não há dúvidas de que a “relação profissional duradoura e de amizade que se foi construindo” faz com que seja “muito mais fácil ter sucesso”.
“Se as pessoas confiarem umas nas outras, forem felizes no dia-a-dia, sentirem que são respeitadas, que têm espaço para falar e são ouvidas é muito mais fácil e toda a gente fica mais próxima de ter sucesso”, remata.
No percurso que começou com um sonho estão para se escrever mais algumas páginas, desta vez com a dupla portuguesa à frente de uma equipa do Brasil.
Ucrânia: Treinador lança desafio para ajudar refugiados
“Despir literalmente a camisola do futebol por uma causa” é a proposta de Vítor Severino que está a desafiar jogadores e treinadores a doar t-shirts autografadas para leiloar a favor dos refugiados ucranianos.
A ideia de colocar o futebol ao serviço de causas surgiu quando o técnico era adjunto na equipa de Kiev, na Ucrânia, e recebeu uma mensagem de um adepto que queria uma camisola sua.
O pedido de Ricardo Martins acabou por resultar na iniciativa ‘aPalavra’, que tem apoiado várias causas, e agora ganha uma nova dimensão com a necessidade de ajudar o país onde o treinador viveu e trabalhou dois anos.
“Agora estamos focados em angariar fundos para esta causa, mas depois teremos certamente outras e não vamos parar”, sublinha, sobre a iniciativa que há poucos dias se transformou em associação.
A recolha das camisolas autografadas acontece até ao final deste mês. O leilão realiza-se a partir de dia 7 de Abril.