Naquela tarde, como em tantas outras até aí, Joana brincava com os amigos no recreio da antiga escola primária de Porto de Mós.
Passavam alguns minutos das 15 horas, quando um pneu de um camião se soltou e entrou desgovernado no pátio da escola, atingindo três meninas. Uma delas, Andreia, viria a falecer. Duas outras ficaram gravemente feridas.
Vânia perdeu um braço e Joana ficou paraplégica. Quinze anos depois, invocamos aquele dia fatídico, pela voz de Joana Santos, hoje com 23 anos.
A terminar o curso de Direito na Universidade Nova de Lisboa, a jovem diz ter poucas memórias do dia do acidente. “O que sei é pelo que me contaram. Só me recordo de acordar no hospital e dos meses que passei internada”, conta.
Após três meses no Hospital Pediátrico de Coimbra, seguiu-se o internamento num centro de reabilitação, para “aprender” a adaptar-se à sua nova condição. “Durante muito tempo, acreditei que voltaria a andar. As pessoas à minha volta também me transmitiam essa convicção”.
Com o passar dos anos, Joana foi deixando de sentir “esperança e optimismo nas conversas dos médicos” e daqueles que a rodeavam. Começou a fazer “pesquisas” e “perguntas” e, por volta dos 13/14 anos, percebeu que a situação “era irreversível”. Seguiu-se uma fase de revolta.
“Sentia muita raiva. Foi um período complicado”, confessa. Com o passar do tempo, a revolta foi acalmando. No seu lugar, começou a surgir uma nova esperança, assente num único objectivo: “Tentar ter a melhor vida possível, tendo em conta as limitações”.
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