Assumiu novamente a presidência para, “através da Juve, acreditar que o andebol consegue resistir no concelho de Leiria”. Porquê?
Joaquim Santos (JS): Porque o concelho já teve muitas equipas seniores e acabou por ficar reduzido a dois clubes, a Juve e o Atlético Clube da Sismaria. Felizmente, entretanto apareceu um novo projecto em Santa Catarina da Serra, mas tenho pena que as outras equipas tenham desaparecido. O andebol está mais pobre em Leiria porque não temos vizinhos com quem treinar e competir. E a pandemia veio agravar mais a situação porque as restrições arrastaram as colectividades para a falta de fundos, de atletas e de dirigentes. Neste momento resistir é inverter o passado recente.
Menos clubes traduz-se em menos apoios e menos peso da Associação de Andebol Leiria (AAL) na Federação de Andebol de Portugal (FAP)?
JS: A AAL tomou funções há pouco tempo, tem gente nova e com dinâmica que também vai dar visibilidade aos clubes. Da FAP não recebemos, só pagamos, e cada vez mais, com inscrições, taxas de arbitragem e multas, custos sufocantes que chegam a ser uns milhares de euros valentes por ano. De apoios contamos com o município, embora este ano ainda não saibamos qual vai ser o valor que vamos receber. De resto, socorremos- nos das empresas, tentamos cativar mais atletas e temos outras actividades que permitem manter ‘o barco à tona da água’.
Ser o único clube do concelho com pavilhão próprio também pesa?
JS: Pesa, traz-nos sempre mais custos. Embora o apoio municipal tenha uma verba que contempla os clubes com instalações próprias, não cobre as despesas mensais que a associação tem. E este ano muito menos, com o aumento dos preços da electricidade e do gás que duplicaram os custos. Mas também tem vantagens, como a liberdade e a gestão do espaço. E com a quantidade de equipas que o clube tem (13) também temos de recorrer ao município para utilizar outros pavilhões.
Qual é o projecto deste mandato para levar o barco a bom porto?
JS: Conseguir mais apoio oficial e das empresas, aumentar o número de atletas, mobilizar os pais para as actividades, modernizar a imagem do clube e aproximar a Juve a Leiria. Desta forma a associação vai engrandecer com praticantes, sócios, soluções para futuros dirigentes e capacidade de fundos. Queremos tornar a Juve mais auto- -suficiente em termos financeiros e tornar as instalações mais auto-sustentáveis com painéis fotovoltaicos. Sem esquecer que a prioridade é recuperar a formação que não pode estar dissociada da competição.
Na competição, esta época fica marcada pela despromoção da equipa feminina sénior ao fim de 20 anos na elite…
Sara Gonçalves (SG): Este ano a FAP optou por meter quatro equipas a descer de divisão e, ao reduzir as equipas, temos de ter argumentos suficientes para nos mantermos. Com os investimentos de outras equipas acabámos por ficar na ‘corda bamba’, algumas atletas foram para outros clubes e no plantel ficámos com poucas atletas com experiência de primeira divisão e isso faz a diferença.
JS: Não tenho nada a apontar às atletas, elas esforçaram-se e têm valor. Para mim, houve uma sucessão de jogos com menos sorte que acabaram por arrastar a equipa para a segunda divisão. Mas acredito que será uma passagem muito breve pela segunda divisão porque o objectivo é voltar lá o mais rapidamente possível.
E para a equipa sénior masculina, quais são os objectivos?
SG: Queremos uma presença na fase final da segunda divisão. Sabemos que é preciso algum investimento para isso, mas é um objectivo possível de concretizar porque ficamos sempre a um ponto ou uma vitória disso. Como se mantém as equipas no nacional?
JS: É difícil segurar os atletas porque também têm ambições e querem jogar noutro nível, o que é perfeitamente compreensível. No fundo, somos um clube a fazer de barriga de aluguer (risos). O andebol, mesmo na primeira divisão, tem três clubes principais, uns podem ter atletas mais subsidiados, mas de forma geral é tudo amador. A alternativa é apostar na formação e a manter os treinadores que são bons, têm muitos anos de Juve, sentem o clube e fazem muitos sacrifícios. No entanto, sabemos que os próximos anos vão ser muito complicados porque durante a pandemia as equipas que antecedem os seniores não tiveram competição e muitos atletas acabaram por deixar a modalidade.
Leiria, Cidade Europeia do Desporto, pode ajudar?
JS: Não acho que falte investimento em infraestruturas porque o concelho tem pavilhões em número suficiente. Um pavilhão em Leiria permitia-nos usufruir desse espaço, e tendo outra estrutura poderia receber outro tipo de eventos que seriam uma mais-valia para o concelho, mas não é uma prioridade. Acredito que é necessário mais investimento na prática regular para o andebol resistir com formação e competição no concelho.