Pode estar para breve a solução para os antigos armazéns dos Maia, que ladeiam o Mosteiro de Alcobaça. Note-se que a propriedade, que se encontra há vários anos em ruínas, está localizada num local nobre da cidade. Os antigos armazéns situam-se na Rua D. Pedro V, junto ao mosteiro, imóvel classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, onde, em 2022, foi inaugurado um hotel de cinco estrelas, investimento do Grupo Visabeira.
A Câmara de Alcobaça terá feito uma proposta de compra aos proprietários daquele espaço, por mais de 2 milhões de euros, comentou o deputado José António Correia na última Assembleia Municipal, que decorreu quarta-feira da passada semana. Durante a sessão, o independente, eleito pela lista Nós, Cidadãos, associou a solução para o problema com a viagem que Hermínio Rodrigues, [LER_MAIS]presidente da Câmara de Alcobaça, fez recentemente a Moçambique.
Depois da Assembleia Municipal, José António Correia acrescentou ao JL que o presidente da autarquia terá feito uma proposta de aquisição dos armazéns por 2 milhões e 150 mil euros. “O assunto foi miraculosamente resolvido depois da visita do presidente a Moçambique. Um problema com 20 e tal anos”, salientou o deputado. “A Câmara devia ter feito uma expropriação há muitos anos e resolvia. Cobardemente, não expropriou. Miraculosamente vai a Moçambique e fica tudo resolvido”, apontou José António Correia. “Mas quem avaliou a propriedade? A solução devia ser mais transparente e mais ética”, defendeu.
Ainda em Assembleia Municipal, Hermínio Rodrigues lamentou os “constantes boatos” e “insinuações”. “Sempre disse que estamos no bom caminho para chegar a negociações”, realçou. “Estive em Moçambique e não foi à conta da Visabeira. Foi para fazer negócios para os alcobacenses”, frisou.
“Se é contra a aquisição do terreno, assuma quando o assunto vier aqui”, recomendou Hermínio Rodrigues, para quem a intervenção de José António Correia apenas tentou condicionar a posição de alguns.
Negociações com transparência
Contactado pelo JL, Hermínio Rodrigues respondeu: “As entidades envolvidas neste processo, que veio a ser tratado ao longo dos últimos 20 anos, têm todo o interesse na sua melhor resolução. Nos últimos dois anos têm decorrido negociações com a lisura, transparência e dignidade devidas.” E referiu: “O anúncio, por parte de um deputado municipal, desta negociação, ainda a decorrer, é da sua exclusiva responsabilidade. A Câmara de Alcobaça reserva-se ao seu direito de gestão dos timings de comunicação de qualquer negociação em que está directamente envolvida.”