Os shots saudáveis e energéticos de gengibre e curcuma, ou probióticos, da Frubaça, são alguns dos “produtos estrela” desta cooperativa de Alcobaça, que ocupa o 19.º posto entre as 100 maiores organizações nacionais deste tipo.
Noventa e seis por cento da produção destas bebidas revigorantes é encaminhada para destinos externos e uma aposta na integração de inovação, de investigação e de desenvolvimento, resultou, recentemente, em mais um produto que poderá também conquistar os mercados europeus e dos EUA, seus principais alvos de exportação.
Já à venda nas lojas da marca própria COPA, a kombucha da Frubaça é produzida com a mesma “filosofia de naturalidade” aplicada aos seus sumos naturais, criados a partir de matéria-prima fresca, sem conservantes e sem aplicação de calor e pasteurização.
“É uma kombucha igual àquela que se produz em casa e claro, como todas as verdadeiras kombuchas, tem de ser mantida a baixas temperaturas, porque é uma coisa viva, e não pode estar numa simples prateleira de supermercado. É um produto de qualidade e com potencial que já estamos a exportar para o Reino Unido e estamos à espera, entretanto, de fazer entrar numa das cadeias de distribuição em Portugal”, anuncia o director-geral, Jorge Periquito.
As polpas são outro produto que este responsável espera que venha a ter sucesso na exportação. É uma nova área de negócio que a cooperativa tem vindo a testar e, neste momento, as aveias para as refeições matinais para substituir produtos lácteos, entre outras polpas, estão a conquistar “um mercado em franco crescimento”.
“Estamos também a produzir e a vender húmus, para os mercados inglês e francês, e outros artigos semelhantes em polpas”, enumera, anunciando, para breve, uma nova linha de molhos “clean label” sem conservantes, para carnes, saladas, entre outros alimentos, destinados ao mercado britânico.
É a partir da localidade de Acipreste que a Frubaça fabrica estes produtos para grandes marcas na Europa e nos Estados Unidos da América, como a britânica Pret à Manger ou a norte-americana Just Made.
Uma oportunidade pandémica
A ideia de apostar em shots e em novos produtos surgiu durante a pandemia da Covid-19.
“Quando a pandemia começou, perdemos uma fatia bastante importante do nosso negócio, pois tínhamos uma parte dele na aviação comercial. Além disso, com a diminuição das vendas no canal Horeca, sobretudo no mercado inglês, sofremos outro grande impacto. Contudo, como se costuma dizer, ‘quando se fecha uma porta, abre-se uma janela’”.
Os consumidores aumentaram a sua consciência para a saúde, para o bem-estar e para os estilos de vida saudáveis e o caminho da Frubaça tornou-se óbvio.
“Derivámos parte da nossa produção e começámos a produzir shots saudáveis e energéticos. Criámos uma nova gama que é hoje, uma das maiores que temos”, recorda o responsável.
O passo seguinte foi lançar estas novidades nos mercados externos mais vocacionados para eles.
“Estamos sempre presentes em várias feiras, todos os anos, sobretudo nos países que lideram a área das tendências alimentares e do bem-estar.”
É difícil encontrar alguns destes produtos no mercado nacional porque este é pequeno e limitado pelo número de consumidores e a aposta tem sido na exportação.
Além disso, os portugueses, normalmente, não procuram bens do segmento premium.
“O mercado alimentar português é conservador por natureza, ao contrário, por exemplo, do mercado inglês, que está sempre aberto a coisas novas”, explica Jorge Periquito.
A cooperativa produz até shots ricos em vitamina D, um composto orgânico de difícil bio-absorção, mas benéfico para pacientes com problemas oncológicos.
Os ingredientes utilizados nos novos produtos da Frubaça têm várias origens.
Jorge Periquito sublinha, por exemplo, que o gengibre, com sabor de intensidade muito forte, é produzido em altitude, nas montanhas dos Andes, na América do Sul, e não da China.
“Temos várias exigências. Queremos um produto completamente biológico, vindo de organizações de produtores, em situação de fair trade.”
A Frubaça também já tentou incorporar algumas espécies autóctones nos seus produtos. A mais recente foi a camarinha, um fruto com excelentes características nutritivas.
“Mas esbarrámos com a pouca disponibilidade de produto em Portugal, nesta e noutras situações. Precisamos de uma produção maior e mais consistente”, resume.
A cooperativa tem, actualmente, 23 sócios, todos agricultores locais, e, nas suas diversas áreas, emprega 311 colaboradores.
Só a área dos sumos ocupa cerca de 120 pessoas.
A facturação, este ano, deverá ser à volta de 34 milhões de euros.