Roupa, telemóveis, carros, computadores… os botões parecem indispensáveis, estão em toda a parte e agora estão também no centro tradicional da Marinha Grande. Chama-se Casa do Botão, o novo espaço de trabalho do Teatro do Botão, que passa a ter instalações próprias. “Sentimos que era preciso dar este passo, e este salto, para podermos crescer”, diz a produtora e dramaturga Susana Rodrigues. A inauguração, amanhã, coincide com o primeiro aniversário, que se assinala a 15 de Janeiro, da companhia nascida das cinzas do Teatro À Solta.
Em 2024, o Teatro do Botão somou 120 apresentações e mais de 10 mil espectadores, em Portugal, África do Sul e Namíbia. Nos palcos internacionais colocou em cena a peça Os Lusíadas com uma Perna às Costas, dentro de fronteiras celebrou a Revolução de Abril com Rua da Liberdade, num total de dez criações. “Trabalhámos muito para isso, mas acho que nenhum de nós estava à espera de chegar tão longe em tão pouco tempo”. O grupo, até recentemente alojado na sede da Associação Cultural e Recreativa da Comeira, espera, com a mudança para o número 12 da Rua Alexandre Herculano, levar “mais vida” ao núcleo antigo da cidade vidreira e ajudar a “criar novos hábitos de consumo cultural” e “novos públicos para a cultura”, explica Susana Rodrigues. “Um ano depois, ainda há pessoas que não sabem que a Marinha Grande tem uma companhia de teatro. E, na verdade, tem mais do que uma”.
Oficinas e histórias de bolso
Na Casa do Botão, Susana Rodrigues, Cristóvão Carvalheiro (director artístico, encenador e actor), Maria Botas (formadora e actriz), Beatriz Vieira (actriz) e David Caetano (cenógrafo) planeiam dinamizar oficinas de teatro para crianças, adolescentes e adultos e apresentações de contos e histórias de bolso para toda a família. O espaço (a inaugurar este domigo, 19 de Janeiro, pelas 15 horas) vai também acolher oficinas de dança e expressão plástica e oficinas de emoções para pais e filhos orientadas por uma psicóloga.
Há três estreias previstas para 2025, que podem ser quatro, se se confirmar a parceria com um município da região. A primeira estreia deverá acontecer no ciclo de teatro que a companhia vai dinamizar no Edifício da Resinagem (na Marinha Grande) nos meses de Fevereiro, Março e Abril, com espectáculos do próprio repertório. Continuar a promover encontros sobre teatro e cultura, provavelmente logo a partir do mês de Março, é outro objectivo. “É importante ter conversas entre profissionais para tentar formar o público”, acredita Susana Rodrigues. “A título de exemplo: fizemos um espectáculo, houve pessoas que levaram pipocas. E não é sempre claro, porque que é que não se pode comer enquanto estamos a ver um espectáculo de teatro”. Anteriormente, o Teatro do Botão organizou, com o apoio do JORNAL DE LEIRIA, o ciclo O Poder Transformador da Cultura.
A melhor visita
Natal às Avessas, Ovos Misteriosos, Ratatices e Hamelin também marcaram o ano de 2024 do Teatro do Botão, que anuncia a comédia como principal recurso performativo e que maioritariamente, mas não só, se dirige aos espectadores mais jovens. “Quando criamos espectáculos, nunca são, exclusivamente, para as crianças”, salienta Susana Rodrigues. Os percursos dramatizados constituem outra actividade regular da companhia, que em 2025 vai regressar ao Museu Marquês de Pombal com A Melhor Visita Encenada do Mundo.