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DARLINDO GIL
Bênção do novo Veículo, Paróquia de Alpedriz
Foi num domingo, dia 16 de fevereiro deste ano 2020, a Associação de Bem Estar Social e Recreativa de Alpedriz apresentou à população a carrinha nova para transporte de utentes, e que faz parte do novo projeto que está a ser implementado no sentido de novas respostas aos serviços de dinamização e apoio aos idosos de comunidade. Após a oração de bênção, a directora técnica da Instituição D.ª Rita Ferreira e o Presidente da Direcção da ABESRA o Virgolino Ribeiro manifestou sua alegria pelo que está a ser feito, agradeceram aos colaboradores e apoiantes, e convidaram todos a irem (um dia) conhecer os novos serviços, em https://abesra.pt/. Fonte: Folha Paroquial de Alpedriz e de Pataias
01.03.2020
PAULO COELHO
PS, ou melhor PSSD!
Na minha opinião, o PS abandonou a matriz social de esquerda, travestindo-se com padrões de direita, por isso o PSD não consegue fazer oposição. São farinha do mesmo saco. O atual PS é uma incógnita ideológica de conveniência conjuntural. A tecnocracia e o liberalismo populista têm caracterizado a maioria dos ministros em detrimento do caráter social e humanista de esquerda. A apologia ao novo-riquismo tem feito dissipar a chamada classe média, aumentando os muitíssimo ricos e os muito pobres, numa divisão social só vista antes do 25 de Abril de 74. Os remediados caminham para a extinção. A riqueza é concentrada e criminosamente desviada para ilhas paradisíacas. A desumanização social é um facto consumado. O caso da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social mostra isso. 1- A proposta (CDU e BE) para aumentar o subsídio de doença para doentes crónicos e oncológicos foi chumbada pelo PS e Direita. 2- A proliferação dos sem- -abrigo é um facto. Embora os mass media tendessem a desviar o foco para a desgraçada mãe e bebé do ecoponto, valeu o PR apontar o dedo à inação do Governo e serviços sociais da CML [Câmara Municipal de Lisboa]. Veremos se fica só pela intencão ou se a imagem envergonhada e caridosa da ministra a servir refeições em cuvetes de alumínio não será mais uma manobra de propaganda cínica. 3 – Epílogo: a ministra matou a Concertação Social com a pré fixação do SMN em 635 euros em discutir qualquer proposta. A decisão ficou colada à proposta dos patrões (625 euros) e bastante descolada da dos trabalhadores. Este Governo continua a dar mais crédito aos bancos e deixa os cidadãos doentes em situação precária. Não aceito que Portugal do século XXI, tão apreciado por turistas e Vistos Gold, tenha à vista de todos 4.400 sem-abrigo à fome e ao frio. O trabalho deve ser pago com salários justos e dignos para se viver, e não sobreviver em autêntica escravidão laboral. A ACT e os sindicatos congelaram. Com estes e outros exemplos, concluo que o PS de hoje está muito mais à direita que o antigo PPD de Sá Carneiro.
26.12.2019
DAVIDE GONÇALVES
Cientificismo
Há quem defenda que o conhecimento científico é o melhor de todos os saberes, o único que detém a verdade e que deve ter um estatuto de superioridade. Alguns fazem da ciência uma filosofia sem se darem conta, ou uma religião ateísta. A história mostra à saciedade, sobretudo a moderna e a contemporânea, que tem havido abusos da ciência, excessos, intromissões em campo alheio, que extravasa o seu conhecimento. Deixa de ser ciência para ser cientificismo. Quando o cientista Francis Crick, um dos descobridores da estrutura do ADN, diz: “A hipótese assombrosa é que você, as suas dores, recordações e ambições, o seu próprio sentido de identidade pessoal e a sua livre vontade, não são mais que o comportamento de um vasto composto de células nervosas e de moléculas associadas, como tinha dito a Alícia de Lewis Carrol: “Não és mais do que um montão de neurónios” (no livro A busca científica da alma), isto é verdade da ciência? Também afirma que “não há nada que não possa ser explicado pela física e pela química”. A sua autoridade de biólogo permite-lhe dogmatizar e incorrer em reducionismos? O papa Francisco escreveu: “Em certas ocasiões, porém, alguns cientistas vão mais além do objecto formal da sua disciplina e exageram com afirmações ou conclusões que extravasam o campo da própria ciência. Neste caso, não é a razão que se propõe, mas uma determinada ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso” (Evangelii Gaudium nº243). Cerca de 80% da população mundial confessa-se religiosa. A temática “ciência e fé” é apaixonante e está cheia de controvérsias. Os jovens questionam tudo e todos, os adultos esgrimem conceitos e preconceitos. A história narra ora relações boas, ora relações más, entre a ciência e a religião. Haverá incompatibilidade ente ambas? Não. Há cientistas crentes e fizeram muito pela ciência. Haverá independência e autonomia entre fé e ciência? Sim. Não existem duas verdades, nem a verdade da ciência pode estar contra a fé, nem as verdades da fé contra as da ciência. Não pode haver nem fundamentalismos, nem ingerências. Há dois livros e o mesmo autor: livro da natureza e livro da Revelação. Os seres humanos são todos alunos que estão a aprender e a estudar, evitando o fundamentalismo científico e o literalismo dos textos teológicos. A ciência vai navegando no nível fenomenológico e a religião está mais no nível ontológico. A realidade está sempre em aberto e é alvo de buscas humanas rumo ao seu conhecimento. É possível haver diálogo entre religião e ciência? Sim. É possível e desejável. Com iluminação e complementaridade. Porque há diversos saberes e diversas leituras da realidade. A compreensão da realidade é um sonho e um mito. A humanidade terá sempre mistérios para descobrir. João Paulo II dizia: “a ciência pode purificar a religião do erro e da superstição, a religião pode purificar a ciência de idolatrias e falsos absolutos”. É bonito pensar em harmonia, em vez do conflito. A narrativa bíblica do Adão e Eva não são textos de história, nem de ciências da natureza, por isso não dizem sobre o como e o quando do homem no mundo, apenas dizem que há um criador na origem de tudo. É competência das ciências estudar a evolução e as transformações. Todavia, algumas escolas teimam em seguir o cientificismo, e são muitos os testemunhos de alunos que o atestam. A fé cristã é pela verdade e pela complementaridade dos saberes. Opor ciência e fé será sempre um erro. Afinal, o ser humano tem duas asas para voar neste universo maravilhoso e majestoso. As duas asas são a fé e a razão. Entramos na aventura da vida, pensamos e construímos tecnologias em ordem ao bem-estar da família humana e procuramos a compreensão da realidade, na pluralidade dos saberes.
26.12.2019
ERNESTO SILVA
Da inutilidade do banco público à falta de humanidade
No passado dia 29 de Outubro, estando em Leiria a trabalhar, recebi uma chamada, que não era mais do que um apelo para fazer um depósito na conta da minha irmã nascida num Abril de 1939, ou seja uma jovem com uns bonitos 80 anos. O chamamento era simples: a minha irmã estava na nossa terra e pretendia compor as campas dos nossos pais, filho e restantes familiares. A reforma só chegaria na semana seguinte e como tal entendeu mandar um S.O.S. Entrei na CGD na cidade do Lis e expliquei o que pretendia, mas não podia indicar o número de conta porque a minha irmã sofreu grandes queimaduras nos olhos (enquanto trabalhava em casa com a mufla para cozer as suas pinturas) e não era capaz de ver os números da conta. Vamos tentar. Após explicar ao caixa que pretendia fazer um depósito em numerário, coisa pouca, entre 80 a 100 euros, mas desconhecia o número de conta, mas indicava o nome e a data de nascimento da cliente da CGD, que aqui recebe sempre a sua magra reforma, após uma vida de trabalho, recebo como resposta “não é possível porque estamos a quebrar a regra do sigilo bancário”. Não queria acreditar no que estava a ouvir como resposta. Pedi ao caixa para chamar o gerente. Não o chamou mas indicou algum funcionário do qual dependia. Muitos gabinetes em vidro todos numerados mas vazio de colaboradores e de clientes. A transparência só nos é apresentada pela vidraça. Voltei a contar a história já repetida e ouço a mesma resposta. Dada a distância, a urgência, o motivo e o pouco valor do depósito, cheguei a mendigar informando que não receberia o talão após o assinar para não ter acesso ao número de conta da minha irmã. “Quebra de sigilo caro amigo, não é possível”. Voltei a olhar em redor e só via desumanidade e transmiti estas minhas palavras aos dois defensores do banco público, mas antes tive que deixar a mensagem no livro para que alguém possa ler. Vislumbrei a sede nacional em Lisboa, a enorme delegação de Leiria, e pensei que seria muito mais útil a Portugal venderem aquelas luxuosas instalações cobertas de mármore, talvez de Carrara, talvez de Vila Viçosa, e que dessa venda resultassem mais-valias para habitação social. Depois de casa arrombada pela porta da frente com assaltos gritantes por pessoas a quem não era exigido o número de conta, falta de garantias, nesta altura em que estava longe de imaginar esta forma desumana de atendimento, seria preferível entregar o que resta do negócio a lojas de ferragens, de electrodomésticos, de pequenas papelarias, eu sei lá, como o quiosque do falecido Augusto dos jornais. E quando deveria estar perto da minha irmã nas visitas aos cemitérios, optei por ficar por casa para escrever este desabafo e abrir a porta aos meninos que começaram cedo a tocar à campainha pedindo o pão por Deus, ou o bolinho, porque estes meninos trazem-nos vida e esperança num futuro melhor. Estes são reais, não são mármore nem vidraça, nem arcas vazias.
12.12.2019
CRISTINA SOUSA
O McDonald’s e as filas de trânsito que provoca. Inadmissível!
Sexta-feira, 19:45 horas. Descida da Avenida da Comunidade Europeia, sentido Cruz da Areia-Leiria. Fila. Nada de novo, já que a há praticamente todos os dias depois das seis da tarde. Estranhei, contudo, a dimensão da mesma. ‘Acidente’, pensei. Um quarto de hora de pára-arranca, durante o qual duas ambulâncias tiveram de furar pelo meio dos carros para passar. Conseguiram, mas à tangente, apenas porque na fila não havia nenhum camião nem nenhuma carrinha de maiores dimensões. Chegada à Rotunda dos Rotários (aquela com os senhoras e senhoras camponeses, com o porquinho pela trela), esperava ver aparato, carros batidos, algo que justificasse os 15 minutos que foram precisos para andar 300 metros ou 400 metros. Nada disso! Eram apenas os carros dos clientes do McDonald’s a atravancar a rotunda!!!! É recorrente isto acontecer. O parque do restaurante é pequeno para tanto cliente e, como se isto não bastasse, o drive in provoca ainda mais afluência de carros. Sem o seu rápido escoamento, nem a possibilidade de estacionarem enquanto esperam, os clientes ficam simplesmente parados na descida e na rotunda, com a confusão daqui decorrente. E com os riscos de segurança. Pergunto eu, se um condutor que vai a entrar ou a sair da rotunda bate noutro devido a má visibilidade ou porque um dos clientes do McDonald’s até então parado decide de repente mexer-se, quem é que paga os prejuízos? Os senhores do restaurante??? Não tendo certamente toda a culpa, não podem também ser inocentados. Afinal, estes espaços não abrem sem um estudo de mercado e não acredito que não se tenha percebido que o estacionamento era insuficiente. Além disso, nas imediações não há alternativas, é sempre o caos para estacionar. Por isso, sim, há que responsabilizar quem explora o estabelecimento. Mas também quem aprova este tipo de espaços à lagardere, sem acautelar os devidos impactos sobre o trânsito. Infelizmente, a história vai repetir-se. Na rotunda situada no outro extremo da mesma avenida foi construído um novo centro comercial sem que a questão dos acessos fosse acautelada. Ou seja, mais do mesmo. Como nesta ponta da avenida também há sempre filas, estas vão agravar-se. Mas o que é que isso importa não é? Quem por lá tem de passar todos os dias que se aguente. E se agora precisa de dez minutos para fazer 200 ou 300 metros, o melhor é passar a contar com 15 ou 20.
12.12.2019
VÍTOR SANTOS
Entrevista ao sr. Luís Pinto
Foi com muito gosto que li na última publicação do vosso jornal a entrevista do fundador do Académico de Leiria, sr. Luís Pinto. Confesso que esta entrevista me trouxe sentimentos contraditórios. Senão vejamos: – Satisfação e reconhecimento pelo trabalho notável que foi a elevação de uma ideia a um projecto com uma dimensão social assinalável e materializada nas vertentes desportiva e sobretudo na área social. Grande mérito do seu fundador. – Insatisfação quando se refere ao ónus da sua política desportiva que levou a própria jornalista a perguntar se não havia dívidas a atletas. A resposta é que me causa algum desconforto, sobretudo porque há muito percebi que é o contrário da afirmação de que “pagam tudo até ao último cêntimo”. Como treinador da equipa sénior, lidei sempre com o contrário e continua a dever-me valores referentes às épocas 2004/5 – 2005/6 – 2006/7, cujo valor ultrapassa os 10 mil euros. Apesar das várias tentativas falhadas para receber, e mais tarde, depois de ter celebrado acordo verbal com o advogado, Dr. Hélder Cordeiro, e eu ter aceite pagamentos mensais de 175 euros, nunca até hoje cumpriu qualquer pagamento. Procurei colaborar não seguindo com o caso para tribunal, facilitando a forma de pagamento. Quando vem agora dizer que se deve “a poucos” e se esquece a quem se deve… O que sei é que de repente confirmei com alguns jogadores e também com o meu colega técnico, que me afirmaram nada ter recebido até hoje. Renovo a minha crença no importante papel do Académico para Leiria, felicito os 45 anos da instituição, mas jamais pactuarei com discursos que projetem ideias contrárias à verdade e à justiça. Esperarei agora, com mais convicção, que o sr. Luís Pinto cumpra as suas próprias palavras e pague a toda a gente, não ficando a dever a ninguém um único cêntimo. Nessa altura darei conta do seu cumprimento. Vítor Santos
12.12.2019
DARLINDO GIL
ALPEDRIZ – Junta recebeu 80 reclamações, População discute PDM…
As reclamações contra o Plano Director Municipal são “anos montes” na freguesia de Alpedriz. Quem o garante é o presidente da Junta local, Hélder Cruz, na sequência de uma sessão pública tida com a população há alguns dias e que, segundo avança, foi “muito praticabilidade”. “A população está revoltada e, se não for feito um debate sério sobre esta questão, poderá tomar algumas medidas de protesto”, disse Hélder Cruz. O autarca partilha da indignação popular e afirma mesmo que o que se passa com o PDM na sua freguesia é “um escândalo nacional”. Isto porque cerca de “um quarto” da área da freguesia, de quinze quilómetros quadrados, está destinada à exploração de inertes para indústria cerâmica e vidreira, apesar de um coberto de pinheiro bravo. Contudo, e paradoxalmente, “não deixam as tem possibilidade de crescer em termos de área urbana”, acusa Hélder Cruz, preocupado com a fuga das gerações mais jovens para outras freguesias e, até, “outros concelhos”. De acorda com o presidente, chegaram à Junta de Freguesia cerca de 80 reclamações que, entretanto, foram já remetidas para a Câmara Municipal. A autarquia local está a preparar também um documento com sugestões de alterações a introduzir na revisão do PDM. “Tudo o que pedimos é que o PDM seja revisto com seriedade”, conclui Hélder Cruz. “Se não o for, a população está disposta a ir às últimas consequências”. Verdade que Alpedriz nunca mais vai livrar se do PDM, e nem algumas pessoas invejosas, que não quer, que estes lugares crescer mais! Estamos no século XXI, ano 2019!? (Saeu no in”Região Cister”), e depois no dia 30 de maio de 2002, no jornal O Alcoa.
29.11.2019
DARLINDO GIL
Esta em Alpedriz aguarda requalificação
Ainda espera a tal requalificação da via entre Quinta Nova e Casal dos Brejos, em Alpedriz!? O troço da EM 1296/Rua do Brejo Castanhas que liga Alpedriz a Casal dos Brejos são 4.5km em 10 minutos. É um verdadeiro tormento para quem tem que percorrer diariamente, ou mesmo ocasionalmente, estas curvas e vias estritas, por o piso estar em má estrada, o que afeta a segurança rodoviária. A estrada municipal de Alpedriz à Quinta Nova, o caminho de terra batida que atravessa das Águas Formosas ao Casal dos Brejos (Alcobaça), e até Porto Carro (Leiria), e até Porto Carro (Leiria), está em mau estado há mais de 20 anos e sem rede de água e saneamento! Espero melhor dias com a revisão do PDM. Espero que não fique no esquecimento da União das Freguesias de Coz, Alpedriz e Montes e da Câmara Municipal de Alcobaça! https://cms.cm-alcobaca.pt/ upload_files/client_id_1/website_id_2/Autarquia/Assembleia%20Municipal/Atas/2019/Ata%20n%C2%BA%2014.pdf Nas págimas: konicaC224e_pc_expediente-20190514150601 19 / 20
18.11.2019
LUÍS COELHO
O PANfilismo
O PANfilismo e a PANfobia têm algo em comum: retratam, ambos, um estado de apreensão face a uma realidade moderna, uma peleja paradigmática que não é, bem vendo, nova, nem está longe de terminar. O surgimento e afirmação do PAN não seria possível sem que se verificasse um cisma face à modernidade industrial. Num contexto hipermoderno, marcado pelo vazio da individualidade feérica, não é estranho que existam desadaptados, sujeitos irredutíveis à sociedade de mercado. Há, aqui, um problema profundo, que é de mote psíquico. A luta contra o paradigma dominante é, somente, uma manifestação. E ela traz consigo a necessidade de espiritualização, a egofobia, a resistência face à ciência “materialista”. O neurótico procura, como tal, a nova “religação” ao Espírito, à natureza, ao “Todo”. Não sendo capaz de afirmar o seu “ego”, pretende assim demovê-lo do cenário identitário, ignorando que isto é, per se, defesa egóica. A busca espiritual camufla uma nova, antiga, religiosidade, bem como uma pretensão de evangelização; a intenção é a remissão da culpa, e, com ela, a redenção de todos os outros, que conspurcam o tecido social. A “missão” é estendida à totalidade, porque se acredita existir um karma colectivo que se reflecte no destino de cada um. A preocupação é, mais uma vez, egóica. Subsiste uma semelhança com a esquerda pós-marxista e pós-moderna, a qual criou, em tempos, uma atmosfera de suspeição face à ciência, na sua relação com a indústria e o capital. O liberalismo científico é, assim, repreendido, optando-se por uma via “holística”, que reacorda o vetusto modelo pré-científico. As práticas terapêuticas não convencionais, o modo “orientalista” de interpretação da realidade, tudo isto parece belo e puro, até porque reacende o interesse pela natureza. A Razão natural é, de facto, importancionalizada, de alguma forma, defende-se o “modus” anarquista, primevo, de viver. A ética primitiva e a colectivização utópica são traços de um certo marxismo, face ao qual a competitividade e o capital parecerão pecaminosos. Existe, portanto, uma obsessão pela “felicidade”, e uma fixação com a Luz, que remete para a crença, para a fé. Os “espirituais” pretendem ser “racionais”, mas ignoram que toda a sua iluminação é falsa e estende um “pathos”. Pior, acabam mesmo por ser punitivos face aos “alienados”. Mas não pensemos que esta é uma religiosidade à antiga, porque, aqui, também consta o artifício da individualidade. E do hedonismo. Que dizer dos retiros e das modas do “mindfulness”? Colocam a capa do “Espírito”, onde subsiste, tão-só, o ego, e o prazer. Mas existe algum modo de escapar ao “ego”? Obviamente que não. Interessa, sim, dar a preferência ao princípio da Realidade, à Razão capaz de obviar o caminho de muitos. A geração “new age” quer constantemente dar o passo maior que a perna. Quer apagar a individualidade antes de esta ser redimida pelo curso da terra. E isto só alimenta a ilusão. E o placebo colectivo. Grande parte dos PANfílicos constitui esta geração da “nova era” que opõe a utopia higiénica e hipermoral ao pecado do individualismo destrutivo. Não seria demais afirmar que o partido que afiança ser “inteiro” está cheio de indivíduos psiquicamente “partidos”, modernamente doentes. Muitos indivíduos problemáticos buscam a sua compensação por este caminho “naturalista”. Enquanto fisioterapeuta, consigo, bastas vezes, identificar um padrão: a fibromiálgica, com uma percepção excessiva do corpo e das dores, utilizadora de suplementos e de terapias alternativas, quando não portadora de amuletos; usualmente vegetariana, quimicofóbica, leitora de livros de auto-ajuda. E, no entanto, longe de mim retirar-lhe a ilusão. Pois esta compensação vale tanto como outra qualquer. E da compensação se têm feito muitas revoluções. É certo que o alegado regresso ao “Espírito” parece fazer pouco sentido num mundo tecnológico. Mas há, todavia, muito que se pode aproveitar no modelo “new age”. Nem tudo é bom na realidade excessivamente empírica. O mundo moderno desistiu da Razão, e não está pronto para aceitar que tudo o que nos envolve é, de facto, contingente, ilusório. O “Espírito” é requerido neste tempo nefasto em que já nada vale. Mas não deve, no entanto, deixar de ser servido por um rigor adequadamente científico. A ciência moderna contende as desmesuras do “Espírito”, e este lembra-nos que o que mais importa somos nós, enquanto portadores de um sentido. Quando o PAN estava nos seus primórdios, com Paulo Borges como dirigente, e eu mesmo como associado, o modo de ver “búdico” estava implícito. Uma das razões pelas quais o antigo fundador foi afastado era, precisamente, a falta de sentido pragmático. Muitos militantes do partido achavam que o mesmo não teria futuro enquanto subsistissem membros a denegarem a realidade e a quererem percutir a moral “budista”. Curiosamente, o PAN ganhou palco quando começou a afastar-se do seu lado mais dogmático. Mas o partido já vinha a crescer, à custa dos “desadaptados” dogmáticos. A sua capa é, ainda, a desses depressivos (pós)modernos, que defendem, no fundo, um regresso, mais do que um avanço. A sua misantropia, o seu amor pelos animais, tudo isto é, afinal, manifestação de uma desadaptação face ao humano “super-homem”. Mas o que os PANfílicos defensam é o ensejo de um outro “super-homem”, e isso implica sacrifício. Este é apanágio de toda a religiosidade, mas tal-qualmente da revolução. O PAN não advoga mais mudança do que os outros partidos, apenas defende uma mutação que o individualismo capitalista acabou por demonizar. O que assusta no PAN é a força de uma convicção, a determinação de um movimento que, mesmo sendo neurótico, tem uma intenção salvífica. Todas as revoluções requerem sangue. As vítimas são justificadas pela resultante utópica. A PANfobia é o sinal de uma dinâmica tenaz, que muitos PANfóbicos reconhecem ser necessária, mas, ainda assim, violenta. A violência é a marca de um dogmatismo. Um terapeuta sabe que, por vezes, é preciso causar dor para fazer sobressair o melhor potencial do sujeito. Mas, não sendo aceite tal sofrimento, surge novel fobia, renovada sublimação. Assim sendo, também os PANfóbicos exibem a marca da neurose, associada ao apego excessivo por uma “Normalidade” individualista e confortável. Os PANfílicos consideram que falta aos PANfóbicos ver o que é evidente, pelo que existe, neles, um paternalismo “terapêutico” a atentar contra o paternalismo “liberal”. E, contudo, o PAN age como qualquer outro partido: pela via democrática. Causando o cisma da sociedade, que é, a bem ver, manifestação de uma patonormatividade. Quiçá possam, um dia, os modernistas transmutar a sua intrínseca neurose num partido transformador, capaz de chocar com as suas heresias anti-religiosas. Este é o processo “normal”, o eterno retorno num mundo onde nunca haverá completa satisfação.
18.11.2019
TÂNIA RAMALHO
Divulgação de estudo
Está interessado em contribuir para o progresso da ciência? Tem mais de 18 anos? Então, pode participar neste projeto de investigação desenvolvido no Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenções Cognitivo-Comportamentais (CINEICC), da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e que visa compreender de que forma os processos de regulação emocional se relacionam com a qualidade de vida das pessoas em determinados momentos. Basta preencher o questionário que se encontra acessível através do seguinte link: https://forms.gle/QvRZKY5UvJzcsjxT6 As respostas são estritamente confidenciais e anónimas e a colaboração de todos é muito importante. Agradecemos, igualmente, a divulgação/partilha deste questionário junto dos seus contactos. Muito obrigada, Tânia Ramalho Joana Castro
24.10.2019