Protegem os civis, vêem pessoas assassinadas, filhos a serem retirados aos pais, idosos a sofrerem por lhes terem roubado o pouco dinheiro que possuem e trabalham, por vezes, semanas a fio sem folgas e com algumas directas. Militares, agentes da polícia ou guardas prisionais lidam com uma realidade dura e crua diariamente. Para muitos são super-heróis, mas até estes têm sentimentos.
A estrutura e a própria sociedade esquecem-se, por vezes, que por detrás de um elemento de uma força policial está um ser humano, que se emociona, também tem os seus problemas e que absorve tudo o que está à sua volta. Apesar da imparcialidade com que lida com os casos, sente as dores dos outros e também precisa de desabafar sobre os seus problemas.
Este ano já se suicidaram oito agentes da PSP e sete militares da GNR. Pelo menos, um guarda prisional também pôs termo à vida. A grande pressão psicológica a que estão sujeitos diariamente pode provocar depressão e angústia, nem sempre fáceis de lidar. Quando se chega a situações limite, o facto de ter uma arma à mão facilita o passo para o suicídio.
“Somos o reflexo da sociedade. Se há crise, problemas financeiros ou familiares, nós também os sentimos”, adianta um militar da GNR, salientando que as forças policiais lidam com “todo o tipo de conflito” e nem sempre “conseguem relativizar as situações”. Para este militar, o apoio familiar ou dos amigos é “fundamental” para viver a profissão de uma forma mais descontraída. “É importante poder desabafar, ter um escape face à agressividade da profissão, mas nem todos os militares se sentem bem a falar ou têm com quem o fazer.” Embora mais esbatido, o preconceito ainda existe e é difícil para um guarda assumir que precisa de ajuda. “Ainda há a ideia de que somos fortes e os fracos é que se vão abaixo”, diz.
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