Leiria é este ano Capital Jovem da Segurança Rodoviária, com o objectivo de promover comportamentos seguros e combater a sinistralidade nas estradas. Dezenas de actividades foram realizadas junto dos mais novos no sentido de os educar para a cidadania, valor que falta, por vezes, na estrada.
“Combater a tendência de crescimento de acidentes fatais que atingem cada vez mais jovens nas estradas portuguesas e promover uma educação precoce tem que ser uma prioridade nacional, que não esteja apenas presente nos discursos de circunstância e nas promessas fáceis, mas sobretudo através da disponibilização de recursos financeiros e humanos para que, no terreno, seja possível travar a fundo num drama que é transversal a cada uma das famílias em Portugal”, diz o presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, que admite ser possível “fazer a diferença junto das novas gerações” no campo da prevenção rodoviária e, assim, “contribuir para a redução dos acidentes”.
Nesse sentido, Leiria inaugurou há duas semanas a Escola de Trânsito destinada a um público infanto-juvenil e o seu trabalho incidirá sobre os cerca de cinco mil alunos do 1.º ciclo, através da dinamização de actividades teórico-práticas e acções relacionadas com conteúdos curriculares acerca da temática da Prevenção e Segurança Rodoviária, bem como outras actividades educativas.
É sabido que os jovens têm uma atracção pelo perigo. Gostam de beber bebidas alcoólicas e da velocidade. As estatísticas provam que condução e álcool/drogas não combinam. Nesse sentido, as campanhas de sensibilização junto de idades precoces podem constituir uma aposta ganha no futuro, mas “só se forem sistematizadas”, afirma Manuel João Ramos, presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados.
“A nível municipal, têm-se feito algumas coisas, mas a nível nacional não se têm verificado grandes iniciativas. Foi criado o Referencial de Educação Rodoviária para o ensino básico e agora está em discussão pública o documento para o ensino secundário e profissional. É muito importante haver estes referenciais, porque não vale a pena fazer campanhas isoladas, pois estas não terão consequências. As campanhas devem ser coordenadas com uma política educativa”, salienta Manuel João Ramos.
Segundo o presidente da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, as iniciativas que nascem do voluntarismo, seja de organizações não governamentais, juntas de freguesia ou câmaras, “não têm um enquadramento para surtir efeito a longo prazo”. Manuel João Ramos avisa que a segurança rodoviária deve ser vista por dentro e por fora. “O meio rodoviário é um meio de interacção social. Tem de existir um comportamento ético.”
Na cerimónia de encerramento da semana principal do Leiria Capital Jovem da Segurança Rodoviária, Raul Castro alertou os jovens para os perigos que o consumo de álcool representa no campo da segurança rodoviária. “Só unindo vontades é possível impedir que continue a haver tantas vítimas jovens nos acidentes rodoviários”, defendeu o autarca.
Rui Costa, adjunto do comandante de Destacamento de Trânsito de Leiria da GNR, acredita que as campanhas de sensibilização junto dos mais novos terão efeitos a longo prazo. “Temos vindo a assistir a esses resultados. Notamos que quando são realizadas acções de fiscalização no âmbito de condução sob efeito de álcool, os jovens agrupam- se e elegem o condutor que não ingeriu bebidas alcoólicas”, revela, acrescentando que as iniciativas também têm como “objectivo último a sensibilização dos seus pais, sendo as crianças o meio condutor da informação”.
O comandante da PSP de Leiria, Paulo Quinteiro, salienta que “considerando que a mortalidade em acidentes rodoviários é uma das principais causas de morte entre os jovens”, por isso, “urge mobilizá-los, no contexto dessa iniciativa, através do desenvolvimento de práticas inovadoras para a mudança de mentalidades e uma nova atitude na estrada, começando a trabalhar desde a infância uma atitude responsável”.
Este responsável acrescenta que a “educação rodoviária é um processo de formação ao longo da vida do cidadão como passageiro, peão e condutor, que implica o desenvolvimento de competências que permitam viver em segurança no ambiente rodoviário, assim como o desenvolvimento de atitudes e valores como o respeito, a responsabilidade e a tolerância enquanto componentes essenciais da educação para a cidadania”. Paulo Quinteiro admite que os mais novos têm “capacidade de levar até ao seio das famílias os conceitos de prevenção rodoviária e a mudança de atitudes”.
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