Os relatos que Fátima Pais foi ouvindo nas consultas de terapia familiar do Centro de Saúde de Óbidos, sobre as alterações positivas decorrentes da presença de um cão no seio de alguns agregados que acompanhava, saltaram-lhe à vista. Esses testemunhos, associado a experiência pessoal que viveu quando, há cerca de dois anos, adoptou um animal no canil municipal e percebeu a importância de “ter um cão num contexto de família”, acabaram por funcionar como motor do projecto Um amigo especial.
A iniciativa junta a Câmara e a Unidade Local de Saúde Pública de Óbidos e pretende usar cães do canil do concelho, “devidamente” treinados, em terapia familiar. O projecto, premiado pela Missão Continente, abrangerá também alguns lares de idosos, onde o animal funcionará como “veículo” para potenciar as relações entre os utentes.
Médica de saúde pública com formação em terapia familiar, Fátima Pais frisa que as terapias assistidas por animais “não são uma novidade”, mas, regra geral, envolvem uma intervenção mais individualizada. “Fazê-lo em contexto de família ou de grupo [lares] poderá ser um novo caminho. O cão funcionará como elo de ligação. Aquilo que em terapia familiar se chama de objecto intermediário”, explica a médica, adiantando que o projecto envolverá agregados acompanhados na consulta de terapia familiar.
“Em situações de muita tensão intra-familiar o cão pode ter um papel muito positivo na diminuição dessa tensão, funcionado como elo de ligação entre todos os elementos”, refere a médica. No caso dos lares, pretende-se trabalhar “aspectos relacionais e motivacionais” e, com isso, contribuir para a redução de “alguns conflitos”, e “activar a mobilidade”.
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