Segue-se um texto temperado com estrangeirismos, porque os chefs estão na moda, tal como o brunch, as tapas e o sushi. Leiria e a gastronomia continuam a viver um namoro intenso. Só nas últimas semanas há a registar seis novos restaurantes que reforçam a capital de distrito enquanto destino para a cozinha do mundo. Do rústico e tradicional que deu (e dá) fama aos Marrazes para um universo gourmet contemporâneo marcado pela fusão de sabores.
Cais do Liz, BioLógico, CEO, Bold, Mooo e Mau Manel, todos de portas abertas no centro da cidade, trazem propostas que vão dos petiscos e hambúrgueres em versão século XXI às sugestões de influência lisboeta, e da ementa com inspiração internacional às opções vegetarianas. Tudo isto a juntar numa grande mesa que já é animada por receitas mexicanas, italianas, indianas, chinesas e francesas, entre muitas outras origens.
É a retoma económica? A influência dos enlatados de entretenimento na TV? O efeito das escolas de hotelaria? O boom do turismo? Provavelmente todos estes factores estão a contribuir para o investimento em novos projectos na área da restauração – e se é certo que muitos não vingam, os que ficam ajudam a transformar a oferta numa cidade cada vez mais preocupada com o estilo de vida.
“As pessoas estão dispostas a dar algo mais para uma coisa diferente. Não se importam de pagar quando sabem que vão comer com qualidade”, afirma Diogo Figueira da Silva, responsável pelo espaço Mau Manel, que desde 5 de Dezembro serve almoços diários na Rua Barão de Viamonte. “O nosso principal objectivo é oferecer aos trabalhadores do centro de Leiria uma cozinha mais requintada, mas temos tido muitos clientes espanhóis, foi uma surpresa”.
Ter um restaurante “era um desejo” desde sempre e a ideia é “oferecer um prato diferente do normal prato do dia ou menu executivo, com uma apresentação melhorada e produtos frescos”, refere Diogo Figueira da Silva, que conta nesta aventura com o apoio do irmão, o chef de serviço depois de vários estágios na Europa e América do Sul. Por ali encontra-se um misto de cozinha portuguesa com fusão e criatividade.
Nos últimos tempos, há pelo menos três tendências a evidenciar-se em Leiria: as tapas (ou petiscos), as hamburguerias e as casas de sushi. Que vêm diversificar um cenário já bastante rico.
“Em Leiria temos grandes restaurantes familiares, de pessoas que fizeram restaurantes porque a mãe ou a avó cozinhava muito bem; temos os restaurantes de chef; temos restaurantes como o meu, onde se mistura a experiência e o bem-estar com a cozinha portuguesa e mediterrânica de fusão; e depois temos as hamburguerias e creperias, que são adaptações internacionais”, resume Rui Ramusga, responsável pelo projecto Pé do Rio, a funcionar há dois anos. O balanço é positivo: “Considero que estamos a trabalhar melhor do que nunca e a caminho da fase madura”, refere, reconhecendo o impacto do turismo. “Sobretudo em Julho e Agosto, muito mais turistas do que no ano transacto e os lusodescendentes muito mais disponíveis para conhecer novos ambientes e uma gastronomia que não apenas a tradicional”.
Sobre a dinâmica de investimento na restauração, Rui Ramusga acredita que está mais relacionada com a moda do que com o retomar do poder de compra. “A cozinha, os restaurantes, a gastronomia são uma coisa que se tornou fashion, sobretudo por causa da televisão”, afirma. “Os programas criam nos promotores, nos empresários, a ideia de que é fácil. E não é. Nunca fiz nada tão complexo como um restaurante”, conclui.
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