Quando é que chega o próximo romance?
Neste momento estou a preparar para relançar o livro Conversando com o Mar, pois apenas houve uma edição de 500 exemplares, no ano 2000, e não foi feita nova edição. Seria interessante, 17 anos depois, relançar o livro. Só depois vou pegar no novo romance, que já vai a meio caminho. Conto terminá-lo no final de 2019.
A escrita é vocação, distracção ou paixão?
Se for vocação, tem que ser analisada por especialistas. Gosto mais de ler do que de escrever. É duro escrever, porque temos de dar muito de nós. Neste momento não me sinto preparado para me entregar à escrita da forma que gostaria. Talvez um dia…
Um escritor inevitável.
Acho que não existem inevitabilidades na vida. Tudo é estupidamente aleatório. Pelo menos eu penso dessa forma. Temos que procurar aquilo que nos faz feliz. E uma das coisas que me preenche é estar uma, duas, três horas a escrever. Quando acabo, tenho a minha alma a transbordar de boas sensações. Isso para mim é suficiente.
Mas a tradição da família diz que uma imagem vale mais do que mil palavras.
Sem dúvida. E mil imagens transformam-se muitas vezes em filmes na minha cabeça. O resultado é um pensamento, um texto, uma reflexão. Sinto-me privilegiado por ter nascido no meio de fotografias a preto e branco. Foi, se calhar, o rastilho para desenvolver a minha imaginação.
Uma memória do avô Fabião.
A forma como se vestia e estava. Era um verdadeiro gentleman. Elegante, muito bem vestido e sempre preocupado em ser bem educado para as pessoas. E ficou-me uma frase que ele repetia vezes sem conta: "Respeita os outros, para seres respeitado".
O que nunca falta nas férias: máquina fotográfica ou papel e caneta?
As duas coisas. Adoro tirar fotografias. Levo máquina digital e outra analógica, para fazer uns preto e branco. À noite escrevo, nem que seja um pensamento!
Uma viagem gravada no coração.
Costa alentejana, nos anos 90, com os meus três "manos": Amoroso, Barroqueiro e Becas.
[LER_MAIS]
Para quem é formado em desporto, quando é que correr por gosto não cansa?
A formação em desporto não implica "ter jeito" para o desporto. Mas eu não passo sem ele, seja de que forma for. Nesta etapa, deu-me para correr na montanha. O silêncio e a Natureza conquistaram- me!
A mediação imobiliária é uma prova de combate, de estratégia ou de resistência?
Deveria ser um trabalho de várias equipas pela luta por uma região melhor. Mas como ainda pensamos pequeno, é uma luta por pequenos minifúndios. É duro ser vendedor, mas se tiveres bons princípios e uma visão global do território, naturalmente ganhas o teu nicho e és respeitado.
Enquanto consultor imobiliário, é mais goleador ou jogador de equipa?
Sempre jogador de equipa. Mas se estou isolado em frente ao guarda-redes, pergunto-lhe só para que lado quer a bola…
Uma ideia para o centro histórico de Leiria.
Precisamos urgentemente de pessoas a viver permanentemente no centro histórico. E para isso, os prédios têm que estar reabilitados. Tudo o resto funcionará naturalmente.
Imagine que vai reabilitar um edifício, mas só um, na cidade. Qual escolhe?
Sempre tive uma paixão pelo prédio do Arco, na rua Miguel Bombarda com a Afonso Albuquerque. Imaginava o meu escritório mesmo por cima do Arco, para eu escrever os meus livros.
Licenciou-se na Escola Superior de Educação, mas nunca ingressou no Ensino. Fobia a crianças?
Pelo contrário. Não fui para o ensino público, mas abracei o pré-escolar. Adoro aquelas idades em que temos que começar do zero. Se tivermos essa arte, conseguimos potenciar tudo numa criança. É algo de fabuloso.
Há mais desvantagens do que vantagens na especialização precoce?
Se lhe chamas precoce, é porque vem antes do tempo… Acho que o desporto não é alta competição. 99% das crianças, quando chegam a adultos, nunca vão ser atletas de alta competição, mas a estrutura de ensino e os nossos impostos "investem" a maioria dos recursos nesse 1%. É uma questão a pensar, não?
O que é mais importante numa ultramaratona?
A resiliência. Teres dores pelo corpo todo, até a alma te doer e saberes que ainda faltam 30 ou 40 quilómetros para terminares.
Já lhe aconteceu avistar a meta, mas era só uma miragem?
Felizmente a corrida de montanha tem essa particularidade, que é sempre que passamos por uma colina, falésia ou vale, não sabemos o que vem a seguir. Estás sempre a ser surpreendido com novos ambientes e isso é mágico, mesmo quando o cansaço se apodera de ti!
Que meta ainda lhe falta a atingir?
Sou pai, já plantei uma árvore e já escrevi um livro! Depois disto, quero cimentar estes pilares. Ser o melhor pai que puder, continuar a semear para colher mais tarde, e escrever mais alguns livros.
Naturalidade: Leiria
Residência: Leiria
Formação: Professor do primeiro ciclo (variante Desporto)
Ocupação: Consultor imobiliário