No Hospital de Santo André, do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), espera- se em média 1021 dias por uma consulta não urgente de otorrinolaringologia e 1223 por atendimento em neurocirurgia, referem os indicadores do portal do Serviço Nacional de Saúde, relativos aos meses de Agosto, Setembro e Outubro, denunciados esta semana pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
À margem de uma visita ao CHL, na terça-feira, Fernando Araújo, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, admitiu que esperar cerca de mil dias por uma consulta é "tempo excessivo" e mostrou-se descontente com os indicadores.
"Temos de combater isso. Não podemos ficar descansados nem satisfeitos com esses resultados. Significa que estão pessoas à espera mais daquilo do que deviam. Temos é também de ter a força e determinação para encontrar boas soluções."
Para esbater os tempos de espera, os sindicatos propuseram o "aumento do número de horas semanais” para as consultas, lembrando que "praticamente metade do horário semanal normal de um médico hospitalar" está alocado à urgência.
Confrontado com estas exigências, o governante afirmou que "reduzir o horário de urgência e passá-lo para a consulta externa, para a cirurgia e para o internamento é uma das áreas" que tem de ser trabalhada, "mas isso não pode ser feito sem desfalcar os serviços de urgência", advertiu.
O presidente do Conselho de Administração do CHL, Helder Roque, explicou que a neurocirurgia é uma especialidade que não faz parte da “carteira de serviços” de um hospital distrital. “Fizemos uma contratação de serviços, porque é uma área carenciada da nossa população e queremos dar-lhes resposta o mais atempadamente possível”.
O responsável referiu ainda que o CHL tem três otorrinos para uma área de influência de 400 mil habitantes. “Nessas e noutras situações desdobramos as nossas equipas. Este hospital tem vindo a diferenciar-se e a crescer na área de influência. São situações que não nos agradam, mas também temos vindo a aumentar o número de consultas, cirurgias e exames.” Helder Roque acrescentou que otorrinolaringologia é uma área onde faltam especialistas no País.
[LER_MAIS] Na visita ao hospital de Leiria, Fernando Araújo foi confrontado com algumas das vulnerabilidades desta unidade, nomeadamente a falta especialistas. “A medicina interna é uma é uma das áreas mais críticas, mas também otorrino e ortopedia. Vale a pena ajudar este hospital, porque se crescer significa que os cerca de 400 mil utentes desta região podem ter uma resposta e evitam ter de ir para Coimbra ou Lisboa”, salientou.
Uma das dificuldades do CHL tem sido em atrair e fixar clínicos. Fernando Araújo sugere que se contrate médicos de outros hospitais para Leiria, para que “sintam o ambiente que se vive aqui”. “Mas, gostava de sublinhar que, apesar de algumas limitações de número dos recursos humanos, o CHL tem um trabalho impressionante”, acrescentou.
O governante exemplificou com “as mais de 71% de cirurgias de ambulatório realizadas, no total de cirurgias, até Novembro de 2017”. “São dados impressionantes que revelam que quando colocamos os desafios vocês atingem e ultrapassam-nos. É a resiliência e a qualidade dos profissionais que aqui trabalham que faz a diferença nesta instituição”, sublinhou.
1.021
dias é o tempo médio que se espera em Leiria por uma consulta de otorrinolaringologia. O Centro Hospitalar tem apenas três médicos para mais de 400 mil pessoas.
1.223
dias é quanto se espera por atendimento na especialidade de neurocirurgia nos casos não urgentes.