Aos 55 anos, Lino Pereira passou a ter tempo para gerir a sua agenda sem correria. Depois de oito anos como vereador no Município de Leiria, o empresário dedica- se agora de corpo e alma aos seus negócios.
“Estou a construir um hotel em Lisboa e mantenho as actividades económicas que já possuía antes de ir para a Câmara: um lar de idosos em Torres Novas e um hotel em Aljustrel”.
Lino Pereira conta ainda que colabora com algumas empresas que lhe solicitam consultadoria na área da construção e está “atento ao mercado” para eventuais negócios que surjam. “Agora o trabalho rouba-me o tempo que eu quiser. Tenho que prestar contas comigo e a mim. Tenho pessoas à frente dos negócios com capacidade, responsabilização e liderança”, pelo que o seu dia-a-dia é mais tranquilo.
“Agora mais facilmente estou com os meus amigos e com a família, tenho mais tempo para eles do que tinha quando estava na Câmara”. Garantindo que o Lino vereador é o mesmo Lino de hoje, confessa que não foi difícil desligar da actividade da Câmara.
“Não me vidrei com o cargo. Continuo a ser o Lino. Fiz o que achei que devia fazer e tentei desempenhar o melhor papel, sempre a pensar no melhor para os cidadãos, sujeito ao julgamento popular.”
Sem saudosismo, admite que a “missão”, como apelida a função de vereador, “tem a sua pica”, sobretudo, na vontade de “resolver problemas”. “Foi um tempo. Agora estou noutro, com certeza, com mais liberdade para as minhas acções.”
Lino Pereira lamenta que “um dos grandes problemas da câmara” seja a “falta de ferramentas e mecanismos para que a decisão seja mais rápida”.
“Isso é um processo que tem de ser urgentemente revisto na administração pública, se não o nosso País pára.” Sem pensar em voltar à política e muito menos imaginar a reforma, Lino Pereira está, contudo, a preparar a sucessão dos filhos nos seus negócios. “Não quero tomar essas decisões quando já não tiver discernimento. Os miúdos têm de entrar aos poucos, sem pressão,mas eu continuo a ser o administrador.”
Natural de Santa Catarina da Serra, freguesia onde foi presidente da Junta durante um mandato, Lino Pereira começou a trabalhar aos 16 anos como carpinteiro.
Depois de completar o 9.º ano foi para a área da construção e tirou o curso de mestrança de construção civil à noite. Depois de fazer a tropa criou o seu negócio, acabando por integrar o Grupo Lena, onde esteve 20 anos. Sem licenciatura, nunca se sentiu inferiorizado, mas constata que o título ainda tem “uma grande importância em Portugal”, notando-se um tratamento diferente entre as pessoas com e sem curso superior.
“A formação é importante, mas não deixei de conseguir chegar onde quis. Nunca me senti inferiorizado, porque também não o permito. Tenho humildade suficiente para assumir que não sou formado tecnicamente.”
Lino Pereira sublinha que todas as pessoas são válidas e sempre o fez valer na sua actividade: “Tenho de dar tanta importância ao servente como ao engenheiro, porque o servente não faz o trabalho de engenheiro nem vice-versa.” A motivação da sua equipa é uma máxima que sempre defendeu.
“Equipa satisfeita e motivada, é equipa ganhadora.” Para si, os seus colaboradores têm de ter uma satisfação acima dos 70%. “Nunca se consegue ter um serviço eficiente, se as pessoas não estiverem motivadas e envolvidas.”
Por isso, anunciou que não estava disponível para fazer parte da equipa de Raul Castro – que considera o seu presidente e o melhor para Leiria – mais um mandato. “Não consigo estar numa organização que não esteja motivada e que não valorize as suas pessoas. Essa é a minha frustração enquanto vereador, mas alterar isso não dependia só de mim.”