A Câmara Municipal de Porto de Mós foi a sua casa durante 24 anos, dos quais 12 como presidente do Executivo. Mas nas últimas autárquicas João Salgueiro já não foi a votos. Depois de senhor presidente, o ex-autarca conta ao JORNAL DE LEIRIA como é vestir a camisola de senhor fotógrafo.
João Salgueiro nasceu em 1953, em Porto de Mós. Do seu percurso académico faz parte a licenciatura no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, que mais tarde completou com uma pós-graduação em Engenharia do Ambiente. “Fui um aluno médio, que não gostava particularmente de vida nocturna, aliás, como ainda hoje não gosto”, recorda João Salgueiro. Profissionalmente, teve negócio por conta própria com um gabinete de projecto e arquitectura, e também trabalhou por conta de outrem, no departamento comercial de uma empresa dedicada aos pré-fabricados.
Mas o apelo pela vida política chegou para ficar. João Salgueiro dedicou 24 anos da sua vida à Câmara Municipal de Porto de Mós. A primeira metade do tempo como vereador e a segunda metade como presidente da Autarquia, eleito pelo Partido Socialista.
Volvidas mais de duas décadas de vida política activa, como se ocupa hoje o antigo presidente? “Com 66 anos de idade, posso agora fazer aquilo que antes não tive possibilidade de fazer devido aos afazeres relacionados com o trabalho. Ou seja, tenho mais liberdade para fazer o que gosto. E são muitas coisas”, adianta João Salgueiro.
Uma das novas ocupações é a agricultura nalgumas das suas propriedades. Outras duas actividades estão intimamente relacionadas, e são as viagens e a fotografia. Desde que deixou a Câmara, em 2017, Guiné, Marrocos, Costa Rica e Islândia foram algumas das paragens por onde já se deteve o ex-autarca.
E com a objectiva sempre à mão, têm resultado, desses lugares, belas fotografias de paisagens e retratos das gentes que encontra pelo mundo. Os retratos que fez durante a viagem à Guiné deramlhe particular prazer, relata o antigo presidente.
Com filhos emigrados e quatro netos para cuidar, João Salgueiro reconhece que cumprir o papel de pai-avô também não lhe reserva muito mais tempo disponível. E quanto à política? A Educação e a Cultura foram algumas das pastas que lhe proporcionaram maior gosto, recorda o antigo edil. E ter deixado o parque escolar renovado em cada uma das freguesias deixou-lhe especial satisfação, conta João Salgueiro.
É curioso, relata, que na rua continua a ser abordado como “o senhor presidente”. “Até fico constrangido”, confidencia João Salgueiro. E regressar à política? É um objectivo? Nem sim, nem não, expõe o ex-presidente, para quem, pelo menos nos dias que correm, a meta tem sido gozar a liberdade e ajudar a família.