Foi realmente uma menina da rádio, onde começou a dar voz a programas infanto-juvenis a partir dos 12 anos. E a sua voz continuou a ser pública, anos mais tarde, como deputada municipal pelo Bloco de Esquerda, na Marinha Grande. Mas as razões do coração deram-lhe asas e Cristiana de Sousa trocou a cidade do vidro pela insularidade na Madeira.
Cristiana Martins de Sousa tem 38 anos e é natural da Marinha Grande, onde estudou até completar o 12.º ano, na Escola Secundária Pinhal do Rei. Recorda-se de ter sido uma criança comunicativa, daquelas miúdas que regressam das férias de Verão cheias de saudades e de histórias para contar aos amigos. Desses tempos, lembra o contributo da professora Rosa, da Escola Primária do Engenho, que a despertou para a necessidade de participar activamente nas decisões tomadas na sua cidade e no seu País.
Mas é pela sua voz, na RCM 96, que muitos se recordarão de Cristiana de Sousa. Tinha apenas 12 anos e era uma entusiástica ouvinte da rádio local da Marinha Grande, sobretudo do programa Girassol, conduzido por Fernando Pedro e Vítor Batista aos domingos de manhã.
Arrebatada pelas músicas da Disney e pelas perguntas de interesse geral quer eram colocadas ao auditório, Cristiana escutava sempre o programa. Até que um dia foi convidada a acompanhar uma emissão. Ficou fascinada e aos poucos foi aprendendo também a dominar os directos.
Depois do Girassol, seguiram-se outros programas, como o Caderno Jovem, que diariamente servia notícias direccionadas aos mais novos. Acabou por fazer rádio até aos 25 anos.
Profissionalmente, foi também administrativa na Associação Social Cultural e Desportiva de Casal Galego, trabalhou na Conservatória do Registo Civil da Marinha Grande e integrou a empresa Mariteste.
A par da comunicação, também a política a tem acompanhado desde tenra idade. “Decidi aderir ao Bloco de Esquerda depois de algumas conversas com os meus pais e com o Miguel Portas, uma pessoa que admiro até hoje. O BE era um rasgo com tudo o que existia, era um partido novo, cheio de ideias, de causas, de energias novas… era mesmo um partido diferente de tudo o que existia”, recorda Cristiana.
“Cheguei à Assembleia Municipal da Marinha Grande, enquanto deputada em substituição do meu amigo José Rodrigues, que depois de realizar uma cirurgia teve de solicitar suspensão de mandato”, conta Cristiana, que guarda boas memórias daquela experiência.
Foi também coordenadora da Concelhia do BE da Marinha Grande e integrou a Mesa Nacional do BE em 2007. “Estive neste órgão até à última Convenção Nacional que se realizou em Novembro de 2018”, explica Cristiana, que se mantém como militante base do BE Madeira, onde passou a residir desde 2016.
“Decidi viver nesta região, porque o meu companheiro é madeirense e aceitei o desafio de partilhar uma vida a dois numa ilha. Adaptei-me bem, gosto de viver na Madeira, gosto do clima e da natureza. Fui muito bem recebida desde o primeiro dia”, conta Cristiana, que até há bem pouco tempo trabalhava numa grande casa da cultura do Funchal, o Teatro Municipal Baltazar Dias no Funchal.
E do ponto de vista político, a sua “luta” continua. É deputada municipal na Assembleia Municipal do Funchal, eleita nas últimas autárquicas pela Coligação Confiança, que reúne cinco partidos políticos (PS /BE / Nós Cidadãos/ JPP / PDR). Cristiana integra ainda o executivo da Junta do Imaculado Coração de Maria, no Funchal, freguesia onde reside.
E o Continente? A resposta é pronta: [LER_MAIS] “por vezes tenho imensas saudades das nossas areias brancas, do pinhal, da nossa comida e das nossas gentes. Sinto saudades da minha família e dos meus amigos”. No entanto, contrapõe Cristiana, “todos os dias existe um começar de novo cheio de esperança. Sou uma marinhense muito feliz nesta ilha da Madeira!”.