Entre antigas casas de guardas florestais, um posto fiscal desactivado e várias moradias que, em tempos, estiveram atribuídas a funcionários dos serviços florestais, são dez os imóveis do Estado no distrito que vão ser recuperados para fins turísticos no âmbito do programa Revive Natureza. A lista foi publicada na semana passada e integra 96 edifícios em todo o País. O objectivo do Governo é lançar os primeiros concursos de concessão entre o final deste ano e o início do próximo.
Entre os imóveis que o Estado quer concessionar no distrito para projectos relacionados com usos turísticos, estão, tal como o JORNAL DE LEIRIA noticiou em Janeiro deste ano, duas moradias localizadas nas ruas Machado Santos e Dr. José Jardim, em Leiria. As casas em questão acolheram, em tempos, serviços relacionados com a Administração Florestal, sendo que um deles teve também uso habitacional, servindo como residência de funcionários do Estado. Em 2014, os serviços existentes no local foram encerrados, deixando um dos edifícios devolutos. O outro manteve-se ocupado até 2016, data em que saiu a funcionária que ainda aí residia.
Tal como já tinha revelado a Câmara da Marinha Grande, a lista agora divulgada inclui também o Parque do Engenho, espaço localizado na cidade vidreira, para onde esteve, em tempos, prevista a instalação do Museu Nacional da Floresta. Em 2007, a Autoridade Nacional da Flo – resta, juntamente com o Município e o Instituto dos Museus e da Conservação, chegaram a assinar um protocolo de colaboração para a promoção das acções necessárias à instalação deste museu, mas o processo não teve desenvolvimentos.
Com a inclusão no programa Revive Natureza, abre-se uma janela de oportunidades para a recuperação do Parque do Engenho, um espaço icónico da Marinha Grande, que tem origens em 1724 e uma área de 25 mil metros quadrados, ocupados com vastos jardins e arvoredo.
Moradia com vista para o mar em São Pedro
No concelho da Marinha Grande, há mais cinco imóveis na lista de edifícios a concessionar pelo Estado Três são em São Pedro de Moel: a Casa do Pinheiro Manso, uma moradia com vista privilegiada sob a praia; o chalet de São Pedro, localizado na Rua D. Fernando I e que, durante anos, foi usada como casa de férias de quadros do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas; e o antigo posto da guarda fiscal, na Rua Doutor Nicolau Bettencourt.
Na Vieira, o Governo quer concessionar duas antigas casas florestais, uma junto à rotunda de entrada/saída da praia (rua D. Dinis) e outra localizada na Mata Nacional, junto à Estrada da Praia. A lista é completada com as casas florestais do Pedrógão, inseridas na Mata Nacional do Urso, concelho de Leiria, e da Senhora da Vitória, que integra o perímetro florestal de Alva da Senhora da Vitória, em território da União de Freguesias de Pataiais e Martingança, em Alcobaça.
Estes dez imóveis juntam-se ao antigo convento dos Capuchos, em Leiria, e aos Pavilhões do Parque, em Caldas da Rainha, que o Estado vai concessionar a privados para fins turísticos.
A portaria, publicada na semana passada com a lista de 96 imóveis a concessionar, cria também o Fundo Revive Natureza, que tem cinco milhões de euros destinados à “requalificação e valorização de imóveis públicos devolutos”. Em comum, os edifícios têm o facto de serem todos públicos, estarem sem uso e inseridos em “espaços com valores patrimoniais naturais, que dispõem de um elevado potencial de atracção turística, tendo em conta as suas funções de origem, histórias e especificidades geográficas”.
Recuperar e valorizar património
“Tudo o que seja para recuperar e valorizar o património é muito melhor que o seu abandono”, diz o presidente do Centro do Património da Estremadura (Cepae). Adélio Amaro acredita que “a criação, pelo Governo, de um programa de promoção da recuperação de imóveis públicos devolutos inseridos em património natural, com o objectivo de reabilitação urbanística e posterior organização para exploração turística, poderá ser uma forma de valorizar o imóvel enquanto património, assim como as áreas envolventes e comunidades locais, tendo em conta que o turismo de natureza é uma área de grande procura a nível internacional”.
O presidente do Cepae ressalva, contudo, que “não se pode permitir que os imóveis em causa sejam utilizados para interesses empresariais que ignorem a valorizar da região e respectiva comunidade”.