O presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, desafiou o executivo da União de Freguesias de Souto da Carpalhosa e Ortigosa a divulgar os estudos que serviram de base à decisão de cortar grande parte das árvores existentes no Parque Temático da Lagoa. Consumado na semana passada, o corte provocou a revolta da população.
O repto de Gonçalo Lopes foi deixado na última reunião de executivo, onde criticou duramente a decisão da Junta de Freguesia, nomeadamente, a sua execução “às escondidas” da população”.
“O abate indiscriminado de árvores, num parque de lazer, tem de ser muito ponderado. Não se pode decidir às escondidas das pessoas”, acusou o presidente da Câmara, assegurando que o Município “nada teve a ver com o corte”. Segundo referiu, “quando a vereadora [Espaços Verdes] foi confrontada com o assunto”, por parte do executivo da Junta, “disseram que a decisão estava tomada”.
Defendendo que este tipo de decisões deve ser “tecnicamente preparada” e não se executa “às escondidas”, em período de confinamento. “Não é na calada da noite que se faz o corte. Se está toda a gente em casa, que perigo representa?”, questionou Gonçalo Lopes, deixando, de seguido, o desafio à Junta de Freguesia: “Se tem estudos, mostre-os. Partilhe-os com a população”.
O presidente da Câmara respondia, assim, à intervenção de Álvaro Madureira, vereador do PSD, que acusou o Município de não ter apoiado a Junta de Freguesia na resolução do problema e de ter “sacudido a água do capote, para tirar dividendos políticos”. O social-democrata defendeu ainda que a Câmara deveria “ter tomado posição técnica” sobre o assunto.
Em comunicado emitido no início desta semana, a presidente da Junta, Eulália Crespo, alega que a decisão foi baseada em “estudos e avaliações” às árvores, feito por investigadores das Universidades de Coimbra e de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Segundo a autarca, o relatório concluiu que as árvores “estavam contaminadas com diversas espécies de fungos que as fizeram apodrecer”, “mesmo que exteriormente aparentassem estar saudáveis “.
Eulália Crespo reconhece que não foram analisadas todas as árvores, porque isso “seria manifestamente inexequível”, mas alega que a manutenção de algumas daquelas que foram abatidas “não evitaria a propagação da doença”.
“O facto de praticamente apenas existirem choupos no local, facilitou a rápida propagação dos fungos e tornou inviável a manutenção de boa parte das árvores”, acrescenta, assegurando que a Junta actuou “sempre na salvaguarda da integridade física” dos utilizadores do parque.
A autarca adianta ainda que junta está a trabalhar na requalificação do espaço, que inclui o melhoramento dos equipamentos e a reflorestação com árvores de espécies diversificadas.