Acto de adaptação e mutação num espaço de tempo é o título de uma nova exposição, com curadoria do Casota Collective, que reproduz na livraria Arquivo, em Leiria, o ecossistema do pintor Leonardo Rito.
Além de 13 telas para ver até 30 de Outubro, a Arquivo acolhe, no piso superior, uma réplica do ambiente em que Leonardo Rito trabalha, com paredes a explodir em texturas punk e objectos que costumam estar no ateliê, por exemplo, uma cadeira em tecido zebra, uma caveira tingida de azul, uma guitarra eléctrica e uma bíblia.
No texto escrito para a folha de sala, os quatro curadores – Miguel Ferraz, Pedro Marques, Rui Gaspar e Telmo Soares – explicam que o contexto permite “compreender a visão do artista” e assinalam que “as formas das paredes, as carpetes, a decoração e a iluminação são uma extensão da própria obra e da sua compreensão”.
Leonardo Rito concorda e elogia: “Observaram o decorrer do trabalho, miraram-no de perto e acho que o perceberam”.
O colectivo Casota está baseado no Serra, um centro de criação artística na Reixida, arredores de Leiria, onde também se encontra o ateliê de Leonardo Rito e a sala de ensaios da banda First Breath After Coma, de que Pedro Marques, Rui Gaspar e Telmo Soares fazem parte.
Em causa, uma série de pinturas em que se destacam as figuras do santo cristão São Sebastião e do deus grego Acteon, a prolongar a influência da mitologia clássica e da teologia no percurso do pintor natural de Toronto, no Canadá.
“Histórias profundas”, que “acompanham a Humanidade desde sempre”, explica ao JORNAL DE LEIRIA.
Flechas e cervos são elementos que dominam a exposição inaugurada no sábado, 19 de Setembro, duas referências às narrativas sobre São Sebastião (cravado por setas) e Acteon (transformado em presa).
Para o Casota Collective, Leonardo Rito é “um artista observador do universo, atento aos pequenos detalhes das interacções humanas”.
Nas suas obras, retrata “a existência humana em todas as suas formas” e os respectivos “processos de transformação” em que “cada acto conduz a uma inevitável consequência, que acaba por gerar a evolução da criação”, como no encontro entre Acteon e a deusa Ártemis, em que o caçador se torna caça.
“No fundo fala-se de vida, uma sensação inexplicavelmente irregular mas funcional, composta por infinitos pontos opostos e concordantes, que têm como maior força a sua junção”, assinala o colectivo.
Leonardo Rito, 42 anos, vive e trabalha em Leiria e é um antigo aluno da ESAD de Caldas da Rainha, com mestrado em Artes Plásticas.