A lançar o martelo há 26 anos, Vânia Silva conquistou, no passado fim-de- semana, o seu 20.º título nacional. Há 18 anos que o primeiro lugar é consecutivamente da atleta da Maceira, Leiria.
Com uma carreira repleta de êxitos, a lançadora, que veste a camisola verde e branca do Sporting, orgulha-se também de representar Portugal há 19 anos, contando com dezenas de internacionalizações. Começou aos 15 anos, garantindo a sua primeira internacionalização aos 18 anos, no Campeonato da Europa de Juniores, em França.
“Em 1999, além da presença no Campeonato do Mundo de Juniores representei a selecção nacional pela primeira vez no Campeonato da Europa das Nações. Tínhamos descido de divisão e voltámos a subir”, recorda ao JORNAL DE LEIRIA.
A sua vida foi dedicada ao lançamento do martelo, mas garante que não fez grandes sacrifícios. “Talvez tenha abdicado da vertente mais social da vida académica. Terei ido a um ou dois jantares de curso, mas também nunca senti necessidade disso. Nunca fui de sair à noite. Sempre que havia uma pausa nas aulas viajava para Leiria para poder treinar”, assume.
Aos 41 anos, o recorde mundial no martelão, engenho de nove quilos (mais cinco do que o peso do martelo) é seu, com um arremesso de 19,40 metros. Conta com três presenças nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012), inúmeras participações em campeonatos nacionais, da Europa e do Mundo. [LER_MAIS]
A pressão que sentiu em qualquer uma destas competições é idêntica, mas o espírito vivido na “aldeia olímpica, onde se concentram selecções de todo o mundo é diferente”, precisamente pela multiculturalidade. “Uma autêntica aldeia global bastante grande”, sublinha.
“Quer nos Jogos, quer nos Europeus ou no Campeonato do Mundo só temos três ensaios, uma luta que temos tido ao longo dos anos. Se falhamos um, só há mais dois e toda a época pode-se perder”, critica. Teresa Machado foi o ídolo de Vânia Silva, que continua a considerá-la uma “atleta de top”.
“Era qualquer coisa… Com as condições que tinha fazia magia”, constata. Depois de Teresa Machado, a referência no martelo é Vânia Silva, que vai continuar a competir até que os braços e as pernas o permitam. “As mazelas já são muitas, mas enquanto não me impedirem de competir, vou continuar”, promete, ao afirmar que, agora, pensa “ano a ano” e “prova a prova”.
“Cada título é sempre mais um”, diz, admitindo que também é “cada vez mais difícil” destacar-se. Mariana Pestana, 21 anos, será a sua sucessora no lançamento do martelo, mas ainda não foi desta que bateu a “velhinha”, ficando ainda a três metros da marca da leiriense nos campeonatos nacionais.
Professora de Educação Física na Escola Profissional de Leiria, tem conseguido conciliar as aulas com os treinos de três hora diárias. Paulo Reis é o seu treinador desde sempre. “Nunca me vi a trocar de técnico. Já são muitos anos. Crescemos juntos: ele como treinador e eu como atleta.