Era dia 31 de Outubro – o último domingo – e no calendário faltavam mil dias exactos para a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
Eduardo Oliveira e o colega Tiago Gonçalves participavam na Latino Cup, competição de pentatlo moderno disputada em Madrid, e, ao mesmo tempo, eram protagonistas de um momento histórico.
Pela primeira vez, dois atletas do Bairro dos Anjos cumpriram o formato completo do desporto implementado por Pierre de Coubertin.
É que se a esgrima, o tiro, a corrida e a natação estiveram sempre disponíveis, durante os 15 anos que o clube de Leiria tem de dedicação ao pentatlo moderno faltou a quinta das especialidades, o hipismo.
“A partir desde momento posso dizer que sou pentatleta. Consegui fazer as cinco, mas obviamente ainda tenho muita margem de progressão até estar confortável”, sublinha Eduardo Oliveira, quinto classificado dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, no ano de 2018, obviamente, então, com apenas quatro provas.
Só que em 2019 subiu a júnior e a partir desse escalão as provas passam a incluir o hipismo. Era, pois, incontornável encarar os saltos de forma mais séria. Contudo, entre lesões e a pandemia, o processo foi-se atrasando.
Também tentou montar em Lisboa, onde estuda, mas demorava hora e meia para chegar ao local de treino. “Tinha de perder uma manhã inteira, o que com os outros treinos e a faculdade acabou por não ser viável.”
Só há pouco mais de meio ano é que começou a treinar de forma consistente, no Centro Hípico Dom Cavalo, nos Milagres, em Leiria.
“Todas as outras modalidades do pentatlo moderno podemos fazê-las sabendo mais ou menos. No hipismo já não é assim. É preciso ter algum nível para poder fazer uma prova, porque exige mãozinhas. Há saltos da altura de um metro e requer algum tempo para aprender”, explica Eduardo Oliveira, de 21 anos.
Estreou-se finalmente em Madrid e o saldo é “positivo”, mas demonstrador do muito que ainda tem para aperfeiçoar.
“No pentatlo os cavalos são sorteados e calhou-me um dos melhores que já montei. Cheguei muitas vezes ao salto com o cavalo sem estar como devia. Se fosse um animal menos confortável tinha-se recusado a saltar e este saltou sempre.”
[LER_MAIS]Já faltam menos de três anos para Paris’2024, onde o pentatlo moderno será disputado com um novo formato, compactado em apenas 90 minutos, e é com essa presença em mente que vai continuar a trabalhar.
“Foi sempre esse o objectivo. Os Jogos Olímpicos serão sempre o objectivo e acredito que no passado fim-de-semana dei um grande passo, diria até mental, para atingir esse objectivo. Já consegui fazer a prova, já sei como e já estou a treinar para fazer melhor e olhar a competição com outros olhos.”