Na última década, a população estrangeira residente no distrito aumentou 26%. Os dados preliminares do Censos 2021, revelados na semana passada, indicam que vivem no distrito 46.515 cidadãos nascidos noutros países, o que representa 10,1% do total da população, percentagem que é quase o dobro do valor registado a nível nacional.
Segundo os resultados do último Censos, a população estrangeira aumentou em todos os concelhos da região (distrito e Ourém), ajudando assim a atenuar a perda de residentes que se fez sentir em quase todos os municípios, com excepção de Leiria, Marinha Grande e Óbidos.
[LER_MAIS]Marinha Grande foi o concelho que registou o maior aumento de imigrantes na última década, com um crescimento de 45%, passando de 2.906 apurados no Censos de 2011 para os actuais 4.222.
Alcobaça teve uma subida de 40%, seguindo-se Caldas da Rainha, com 36,9%, e Leiria, com 22,6%. Olhando para o peso dos estrangeiros no total da população, o destaque vai para Pedrógão Grande, onde os estrangeiros representam 12,8% dos residentes, sendo que na freguesia da Graça o valor é de 20,2%. Caldas da Rainha é o segundo concelho da região com maior percentagem de imigrantes (12,5%). Leiria tem um valor um pouco abaixo (11,6%).
No pólo oposto, ou seja, entre os concelhos com menor percentagem de estrangeiros no total da população, estão Castanheira de Pera (5,1%) e Ansião (6,8%).
Marrazes com quase 17% de estrangeiros
Em termos absolutos, e descendo ao nível das freguesias, é na União de Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes que residem mais estrangeiros. São, segundo o Censos 2021, 5.192 pessoas nascidas noutros países a residir nesse território, o que representa quase 15% do total da população.
Na UF de Marrazes e Barosa essa percentagem é um pouco maior (16,7%), para um total de 4.390 estrangeiros. Mas é na freguesia de Amoreira, no concelho de Óbidos, que os imigrantes têm, em termos percentuais, o maior peso nos números globais da população.
De acordo com os dados do Censos 2021 agora divulgados, 21,6% dos 1.033 moradores de Amoreira não são portugueses. Um valor que surpreende o presidente da Junta.
“Há de facto, muitos estrangeiros, nomeadamente ingleses, escoceses e russos, entre outros, que vivem nos resorts junto à praia ou à Lagoa [de Óbidos] e também alguns trabalhadores rurais, mas não tinha a noção do peso no total da população”, assume José Pedro, recém-eleito. Entre as povoações da região com maior percentagem de estrangeiros (ver infografia) está Campelo, a freguesia menos populosa do distrito.
Localizada no concelho de Figueiró dos Vinhos, tem apenas 190 moradores, 37 dos quais estrangeiros, que representam 19,3% do total. De acordo com os últimos resultados do Censos, 16,8% da população de Fátima, a freguesia da região que mais cresceu nos últimos dez anos, é oriunda de outros países.
Números “aquém” da realidade
Para Paulo Carreira, presidente da Amigrante – Associação de Apoio ao Cidadão Migrante, sediada em Leiria, os números agora divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística sobre a população estrangeira residente no distrito não surpreendem e estão “aquém da realidade”.
“Muitos imigrantes não responderam ao Censos por receio, nomeadamente aqueles que não estão em situação legal”, alega o dirigente, chamando ainda a atenção para a “dificuldade de interpretação” do questionário, apesar de o mesmo ter sido disponibilizado em algumas línguas estrangeiras.
O presidente da Amigrante sublinha também que há estrangeiros “a viver em casas sem contratos de arrendamento, onde não existe caixa de correio” e que, por isso, não tiveram acesso aos inquéritos.
Pelas várias razões apontadas, Paulo Carreira está convicto que o número de estrangeiros a residir na região, nomeadamente na zona mais urbana de Leiria, será “substancialmente” superior ao revelado pelo Censos 2021. “Os números oficiais não espelham a realidade”, afirma.