De menina que inspirou os Concertos para Bebés, em Leiria, Natércia Lameiro transformou-se numa apaixonada pelas artes. Multi-instrumentista, canta, dança, desenha, fotografa e realiza. Foi, aliás, esta última vocação que a levou a mudar-se para Madrid, onde é realizadora na Domestika, uma plataforma online que trabalha com artistas de todo o Mundo.
A música continua, no entanto, a fazer parte do seu universo, preparando-se para lançar o primeiro disco de originais, o que deverá acontecer até ao Verão.
Formada em cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema, Natércia Lameiro mudou-se para Espanha em 2019. O convite surgiu quando dava o seu primeiro concerto no estrangeiro, precisamente em Madrid.
“Tinha mandado o currículo e chamaram-me para a entrevista no fim-de-semana em que me encontrava na cidade para um espectáculo, a minha estreia fora de Portugal”, conta a artista. Um mês depois chegou a proposta da Domestika e a mudança para Madrid.
Começou como assistente de realização, mas em pouco tempo foi promovida a realizadora com a coordenação de uma equipa que trabalha com artistas de todo o mundo. “A nossa função é captar e gravar os seus processo criativos e conhecimentos, que depois funcionam como cursos online, disponibilizados aos alunos”, explica Natércia Lameiro, que já trabalhou com Tom Hambleton, Bob Wolfeson, Carlos Rodriguez Casado, Tuca Reines, Marcelo Tás, Marina Person e Cole Wilson, entre muitos outros.
Em paralelo com a actividade de realizadora, Natércia Lameiro vai trilhando o seu caminho na música, quer com o projecto Nat u Ra, uma banda de newfolke que co-fundou ainda em Portugal, quer a solo e com colaborações com outros artistas. “Há dois anos, dei-me conta que tenho mais de 100 músicas originais compostas e que nunca tinha publicado nenhuma. Por isso, este ano decidi gravar o meu primeiro EP”.
Com o título A Cantadora de histórias, o trabalho “é um convite a fazer uma pequena viagem pelos lugares de que mais gosto e pelas canções que mais histórias contam”, desvenda Natércia Lameiro, que além da voz, toca vários instrumentos, entre os quais a concertina, harpa e piano.
Entre as canções do EP, “há pequenos momentos sonoros montados com sons” que a artista foi “coleccionando” ao longo do seu caminho, como a nascente do rio Lis, os pássaros do jardim ou a trovoada de Madrid, que “tanto” adora. Além da música, Natércia está também a desenhar uma caixa pop up, que acompanhará o disco, “com uma ilustração e desenho igualmente cheios de histórias”.
O trabalho virá ainda com um código QR, que redireccionará as pessoas para o canal da artista no YouTube, onde as músicas serão apresentadas com animações concebidas pela própria. “É outra maneira de viver as histórias das canções”, realça a artista, que diz “não viver sem música” e que durante muito tempo ouvia um CD por dia, para “beber um pouco de tudo”, sem se restringir a um género ou grupo específico.
Há, no entanto, algumas referências e inspirações, a começar na família (o pai e a mãe, Paulo e Cristiana Lameiro, e o irmão) e continuando em Naragónia, Luísa Sobral, Jacob Colier, Jain, Stromae e António Variações.
Das colaborações que teve com outros artistas, Natércia Lameiro destaca o trabalho que desenvolveu como música com a artista Fatinha Ramos e o biologista molecular Andreas Noe sobre a poluição dos oceanos, bem como a “sorte” de poder ter peças de joalharia cedidas pela artista Maria Romero (com quem também trabalhou na Domestika) no seu último videoclipe que também sairá este ano.