Um espaço “multi-funcional”, que se pretende “dinâmico”, “vivo, útil e, sobretudo, fruído” pela população. Foi com estas palavras que o presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, apresentou a Central das Artes, inaugurada este sábado, resultado da requalificação da antiga central termoeléctrica da vila.
O local, onde na primeira metade do século XX se produziu electricidade a partir do carvão proveniente das minas da Bezerra, está agora colocado ao serviço da cultura, após um investimento que rondou os 3,2 milhões de euros, financiado em cerca de 2,3 milhões de euros por fundos comunitários.
“É um espaço de afirmação do território, que será dinâmico e intemporal”, onde caberão a “cultura popular e as artes visuais”, o trabalho de “grandes artistas, mas também a valorização de artistas locais”, afirmou o presidente da câmara.
Durante a inauguração, Jorge Vala disse ainda acreditar que a Central das Artes funcionará como “um pólo agregador do concelho”, onde “cabem todos”, porque “a cultura não tem fronteiras, religião ou cores políticas”.
A presidir à sessão, a ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, destacou o carácter “simbólico” do projecto, cuja obra foi iniciada em 2016, pelo último executivo de João Salgueiro. “É bom para os territórios quando projectos que são considerados estratégicos têm continuidade”, afirmou a governante.
Cultura, “um bem essencial”
Para Ana Abrunhosa, a Central das Artes “representa também o que tem de ser feito”, com a gestão das “transformações” que os territórios vão sofrendo.
“Temos aqui uma antiga central termoeléctrica que é agora um centro de artes”, assinalou, destacando a importância da cultura, que, no seu entender, “tem de ser como a saúde ou a educação”, ou seja, “um bem essencial” e uma área “fundamental para a coesão social e territorial”.
Arquivo municipal, espaços para oficinas pedagógicas, centro de documentação e salas de pesquisa são algumas das valências da Central das Artes. O espaço dispõe ainda de várias áreas expositivas, agora ocupadas com quatro mostras: Step by Stone, com esculturas de Luís Amado; Sopro Imergente, com trabalhos de pintura de Marta de Castro; Trajes de Marchas Populares – Gerações de Criatividade e Carvões, Comboios e Carros – Memórias de um tempo de aspirações do carvão.
Aquela última exposição faz uma viagem à história da Empresa Mineira do Lena, que explorou a central termoeléctrica, e do IPA 300, o carro de fabrico português produzido nos anos 50 do século passado em Porto de Mós.
No local, encontram-se patentes dois dos três exemplares do IPA, assim como os desenhos dos projectos. É, frisa, o presidente da Câmara, “um regresso a casa” do resultado do sonho de José Monteiro da Conceição de conceber um automóvel português. “Imagine-se que tínhamos apostado no fabrico em série do IPA… Talvez hoje tivesse vindo até Porto de Mós num IPA eléctrico”, brincou a ministra Ana Abrunhosa.
Presente na inauguração, a convite do actual executivo, João Salgueiro, antigo presidente da câmara, confessou-se, em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, “satisfeito” por ver concluída uma obra iniciada no seu último mandato, que deixou “com fundos comunitários garantidos”.
O ex-autarca faz, no entanto, um reparo, por se ter recorrido a telha cerâmica plasma proveniente de Torres Vedras e não de Porto de Mós. “Optou-se por este material por ser produzido no concelho. Afinal, formos buscá-lo fora”, disse.
A inauguração da Centra das Artes marcou o início das festas de São Pedro, que começam este sábado e que vão decorrer até ao dia 3 de Julho. Após a inauguração, realizou-se mais uma edição dos Prémios D. Fuas, com a distinção do tecido empresarial do concelho.
Foi ainda prestada homenagem a Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros natural de Porto de Mós, e à Ur’ Gente – Associação de Utentes de Saúde de Porto de Mós, distinguida com o prémio de excelência social.