Mais de metade dos alunos de Leiria não utiliza o transporte escolar. Esta é principal conclusão de um inquérito, ao qual responderam cerca de 2600 estudantes dos ensinos básico e secundário do concelho.
De acordo com o estudo, promovido pela câmara em articulação com os agrupamentos de escolas, 51,3% dos inquiridos não usa o serviço de transporte escolar, sendo que, nestes casos, o automóvel é o principal meio de deslocação entre casa e o estabelecimento de ensino.
Há ainda quem recorra a táxi, transporte “múltiplo” de IPSS, clubes e associações ou se desloque a pé. “A opção pelo transporte próprio é maioritária”, salienta o vereador Luís Lopes, que tutela os pelouros da Mobilidade e Transportes Públicos, sublinhando que o recurso ao automóvel tem maior expressão nas freguesias “mais urbanas” e entre alunos que residem “mais próximo” das escolas.
Horário “não compatível”, circuitos desadequados e inexistência de paragens são os principais motivos apontados pelos inquiridos para o recurso do transporte privado em detrimento do serviço público.
“A coordenação entre os horários das escolas e os transportes escolares será factor decisivo para a redução dos tempos de deslocação e espera dos alunos”, constata Luís Lopes, reconhecendo também a necessidade de “melhoria de comunicação da oferta disponível e da tipologia de transporte”. Isto porque, segundo o inquérito, há também quem alegue “falta de informação” para justificar a não utilização do transporte escolar.
De acordo com o vereador, as respostas ao inquérito, que registou a participação de 2.605 alunos de cinco escolas (EB José Saraiva, secundárias Afonso Lopes Vieira, Francisco Rodrigues Lobo e Domingos Sequeira e Escola Básica e Secundária Rainha Santa Isabel), permitiram “obter dados consistentes e representativos” da realidade do concelho.
Ajuste de horários
Segundo Luís Lopes, o estudo foi já utilizado nas reuniões promovidas pelo município entre os agrupamentos de escolas e a Rodoviária do Lis, de forma realizar “um diagnóstico” e trabalhar nas “soluções e correcções necessárias para o próximo ano lectivo, principalmente o ajustamento dos horários das diferentes escolas com o dos transportes escolares”.
Adélia Lopes, directora do Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel, com sede na Carreira e que serve as freguesias do Norte do concelho, reconhece a necessidade de ajustamentos, apontando a Bajouca como o território “mais problemático”, onde, apesar de “algumas melhorias”, os alunos continuam a ter de se levantar “muito cedo” para chegarem a horas às aulas.
“Precisamos claramente de melhorar esta zona, com horários mais adequados e criando mais paragens”, defende a professora, alertando também para a necessidade de haver transporte escolar à hora de almoço “cinco dias por semana da semana”, em vez dos actuais três, e de “pequenos ajustes” aos horários que servem os alunos residentes da Ortigosa.
Segundo a Adélia Lopes, as propostas já foram apresentadas à câmara, que está “atenta à situação”, levando-a a acreditar que haverá melhorias no próximo ano lectivo. “Neste território, os alunos estão muito dependentes do transporte escolar. Na maioria dos casos, os pais trabalham fora da sua área de residência e não têm disponibilidade para levar os filhos à escola”, ressalva a professora.
No caso da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, na Gândara, a directora Celeste Frazão assegura que, neste momento, a situação não é tão problemática como foi no passado, devido aos “ajustes” feitos ao horário de início e fim das aulas.
“A entrada passou para as 8:35 horas e a saída para as 18:15 horas. Com esta adaptação, conseguiram-se algumas melhorias. Há menos alunos a chegar atrasados às aulas por causa dos autocarros e à saída também facilita”, aponta a professora.