A Associação de Produtores Florestais de Pedrógão Grande (APFlor) admite que houve “desvirtuação” do projecto de reflorestação onde foram plantados eucaliptos numa parcela onde estavam autorizados medronheiros.
Numa nota enviada ao JORNAL DE LEIRA, a organização rejeita, no entanto, qualquer responsabilidade nessa irregularidade e revela que se encontra a “proceder à notificação dos proprietários alegadamente envolvidos no incumprimento da legislação em vigor”.
No comunicado, a associação esclarece ainda a sua intervenção no programa Replantar Pedrógão (antes designado por ReNascer Pedrógão), que é coordenado pela Celpa (Associação da Indústria Papeleira) e que integra 32 proprietários.
“De forma a agilizar o processo, a APFlor submeteu o RJAAR [o regime jurídico aplicável às ações de arborização e rearborização] deste conjunto de proprietários e pautou-se pelo estrito cumprimento da legislação em vigor”, pode ler-se naquela nota.
Fonte ligada ao processo, explica que a plantação foi executada pela CELPA e que os medronheiros “foram efectivamente plantados”. Cerca de um ano depois, na parcela em questão, alegadamente “por iniciativa de privados”, houve a colocação de eucaliptos “ao lado dos medronheiros, que se mantêm no local”.
Na nota enviada ao JORNAL DE LEIRIA, a APFlor sublinha que “não se revê na desvirtuação do projecto” e reitera o motivo pelo qual abraçou esta iniciativa da CELPA, destacando as “mais-valias”, como “a certificação florestal, a renovação da floresta de eucalipto, o aumento da produtividade e biodiversidade dos povoamentos e a redução do risco de incêndio”.
As irregularidades foram denunciadas pela Quercus e Acréscimo e confirmadas por uma vistoria do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que já notificou a APFlor para arrancar os eucaliptos plantados ilegalmente.
Foi também levantado um auto de notícia à associação, entidade promotora do projecto de rearborização. Em causa está uma contra-ordenação punível por uma coima de 1.000 a 3.740 euros.