Um abaixo-assinado subscrito por mais de milhar de enfermeiros foi hoje entregue ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), a apelar para que sejam disponibilizadas mais condições para que aqueles profissionais de saúde possam prestar um melhor serviço aos utentes.
“É um grito de revolta. É de enaltecer a coragem deste meio milhar de enfermeiros que assinaram o abaixo-assinado”, salienta Ivo Gomes, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Segundo explicou, os enfermeiros pretendem a reposição das oito horas do turno da manhã. “Estão a fazer sete, o que sobrecarrega o turno da tarde”.
Os enfermeiros pretendem ainda a “consagração dos 30 minutos da passagem de turno, que é essencial para haver continuidade entre turnos”.
“Embora não tenham esses 30 minutos, os colegas não deixam de fazer essa reunião, que não é remunerada e, quase sempre, saem muito para lá da hora de trabalho”, salientou.
A contratação de enfermeiros é outra reivindicação. “Temos serviços que têm 400/800 mil horas, por horário, em horas extra. o que é lamentável. Há muitos anos que andamos a reivindicar a defesa do Serviço Nacional de Saúde e o seu reforço do SNS”, destacou.
Ivo Gomes revelou ainda que “os rácios enfermeiro-doente estão muitas vezes abaixo do limite”, pelo que defendeu que “é preciso exigir que sejam cumpridas as dotações seguras”.
O pagamento da meia hora da passagem de turno “já é reportada há quatro anos, desde que saiu a legislação”.
“Apesar das nossas propostas e iniciativas, há sempre recusa da administração para resolver esta questão”, apontou, ao referir que o argumento é a falta de pessoal.
Quanto à contratação de enfermeiros, Ivo Gomes considerou que uma das razões tem a ver com o Governo, “que não aprova a tempo e horas o plano de actividade nem aprova o aumento dos mapas de pessoal”.
Mas, entende, “também é preciso que a administração exija que a ampliação dos mapas de pessoal, o que não tem sido feito”.
O dirigente sindical acrescentou que “é importante que o atual ministro da Saúde crie as expectativas de carreira e de futuro para a classe profissional de enfermagem”.
O CHL afirma que “prossegue, de forma permanente, a adequação dos seus recursos humanos, nomeadamente no que se refere à dotação de profissionais de enfermagem”, tendo aumentado de 780 para 851 enfermeiros com vínculos definitivos desde 2017.
Nesse seguimento, foi previsto no plano de actividades e orçamento para 2022 “o reforço adicional de 50 enfermeiros, cuja contratação está dependente da aprovação superior”.
“A hipótese de alargamento do período de passagem de turno encontra-se presentemente a ser avaliada em função da autorização da contratação acima referidas”, acrescentou o CHL.