Apesar de aposentada, Idalina Gaspar mantém uma agenda diária preenchida, quase na totalidade com a ajuda ao próximo. É uma das operacionais do Leiria Solidária, um projecto que nasceu há sete anos por iniciativa do médico António Cruz, e faz voluntariado na ReFood e na Atlas, associações que apoiam pessoas carenciadas com a distribuição de comida.
Recebe-nos numa arrecadação do estádio Magalhães Pessoa, num espaço que o Leiria Solidária partilha com o Banco Local de Ajudas Técnicas, numa pausa entre a recolha e entrega de bens e na resposta às dezenas de mensagens que todos os dias chegam à pagina de Facebook do projecto, com pedidos de ajuda, mas também com a oferta de bens.
“Chego a receber 80 telefonemas por dia, fora as mensagens”, conta, depois de atender mais uma chamada. Do outro lado, uma “amiga” do projecto, residente em Alcobaça, a informar que tem roupas para oferecer. “Passo aí para para levantar”, promete Idalina Gaspar, que, entre a parte mais burocrática associada à administração da página no Facebook, tarefa que partilha com outros membros do grupo, assume também a tarefa de recolher e entregar os bens, quando tal é necessário. Mas, frisa, não o faz sozinha, contando com o apoio de outros voluntários. Entre os mais assíduos estão Marta Águeda, Célia Salvador, Fátima Triens, Raquel Ferraz e Patrícia Campos. “Há ainda o Kamal, um cidadão indiano que nos ajuda muitas vezes, e outras pessoas que o fazem esporadicamente”, salienta.
Natural de Leiria e residir na Marinha Grande, Idalina Gaspar, de 71 anos, diz que sempre gostou de ajudar, mas que antes de se aposentar o fazia de forma “individual e esporádica”. Ainda na Suíça, para onde emigrou aos 55 anos depois mais de três décadas a trabalhar como agente de viagens, ajudou “muitas pessoas a encontrar alojamento”.
Nessa altura, trabalhava como governanta em casa de pessoas “com posses”, que lhe ofereciam roupa que Idalina distribuía depois em Portugal. Quando se aposentou, passou a colaborar com o Leiria Solidária, que inicialmente funcionava apenas através das redes sociais. “A bola de neve foi crescendo e optou-se por disponibilizar também um espaço físico”, explica Idalina Gaspar, que resume o que faz pelos outros a uma palavra: “amor”.