Mais de duas décadas após o encerramento da Manuel Pereira Roldão, os ex-trabalhadores da fábrica estão a ser convocados, através do sindicato vidreiro, a fim de poderem receber parte das indemnizações que reclamaram quando a empresa da Marinha Grande encerrou em 1999.
“O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV) vem, por este meio, solicitar a todos os ex- trabalhadores da Manuel Pereira Roldão, que reclamaram os seus créditos, a deslocarem-se às instalações do sindicato vidreiro, para [LER_MAIS]saber o valor que têm direito a receber”, faz saber o STIV numa informação dirigida aos media, que também circula através das redes sociais.
Carlos Inácio, o administrador de insolvências que colocou ponto final neste processo, explica que, quando a fábrica fechou, a lista de credores apresentada ao tribunal considerava que a empresa devia mais de 500 mil contos de hipoteca ao banco, aos quais somava mais de 200 mil contos relativos a um empréstimo contraído pela Manuel Pereira Roldão à mesma instituição bancária.
Os ex-funcionários intercederam no Supremo Tribunal de Justiça, para tentar receber algum crédito, por conta dos salários em atraso, mas o tribunal considerou que os créditos da banca, garantidos com a hipoteca, deveriam ser pagos primeiramente do que os créditos salariais.
O sindicato opôs-se sempre ao encerramento do processo, enquanto não fossem vendidos todos os bens da Manuel Pereira Roldão, nomeadamente uma quota-parte que a fábrica ainda tinha no edifício da antiga Angolana.
Recentemente, Carlos Inácio concretizou essa venda, apresentou contas finais e apurou que quantia poderia receber cada trabalhador. Na prática, há agora um milhão de euros a distribuir por 483 credores, entre ex-trabalhadores, herdeiros e credores hipotecários, refere o especialista.
“Herdei este processo, que já passou por várias mãos. Tentei resolvê- lo o quanto antes e em dois anos ficou concluído e será feita justiça”, comenta Carlos Inácio.
“Temos a sensação de que uma pequena parte da justiça foi feita, apesar de tarde”, comenta Etelvina Rosa, antiga trabalhadora da Manuel Pereira Roldão, que foi também dirigente do STIV. “Infelizmente, muitos trabalhadores já faleceram, mas os seus herdeiros têm direito a receber o devido valor”, salienta Etelvina Rosa.
Dirigente do STIV desde Junho, também David Vergueira entende que este desfecho “dá uma ínfima sensação de justiça face ao que os trabalhadores deixaram na fábrica”.