Há quem considere Eneida a suprema obra-prima literária. É o caso do escritor, professor universitário e tradutor Frederico Lourenço, que não poupa elogios à tradução de Carlos Ascenso André para o poema épico com dois mil anos, atribuído a Virgílio: “Estou encantado com o modo como o professor Carlos André conseguiu manejar os recursos da língua portuguesa para trazer à tona tantos sentidos que se escondem nos versos do príncipe dos poetas”, pode ler-se na comunicação do livro.
Inicialmente colocada no mercado pela Cotovia, e reeditada pela Quetzal em Maio do ano passado, a versão bilingue de Eneida, com o texto original em latim e a tradução de Carlos André em português, chega agora ao Brasil, através da editora Sétimo Selo.
O lançamento está agendado para a próxima segunda-feira, 20 de Março. E será assinalado com um conversa entre Carlos André, antigo governador civil de Leiria e professor da Universidade de Coimbra, e o autor do posfácio incluído na edição brasileira, Ronald Robson.
Fora de Portugal, é a primeira edição de Eneida, com tradução de Carlos André, que, no Brasil, já tinha editado, anteriormente, traduções de Amores e A Arte de Amar, de Ovídio.
“A iniciativa foi da editora Sétimo Selo”, explica ao JORNAL DE LEIRIA. “Há várias traduções no Brasil, há uma que é bastante conhecida, mas não são como esta, são diferentes”, comenta. “E a verdade é que os professores de estudos clássicos de universidades brasileiras têm mostrado muito interesse em ter a minha tradução”.
Ligeiramente retocada, segundo Carlos André, porque “as traduções são efémeras”, e com “pequenos ajustamentos” relacionados com o português do Brasil, a nova versão de Eneida que chega ao lado de lá do Atlântico oferece uma leitura que “pretende manter a arte” e a “estética” de há dois mil anos, mas, em simultâneo, procura “aproximar o texto original do leitor actual”.
“Carlos Ascenso André alcançou em versos livres um texto português rigoroso, mas que não repele o novato”, analisa Ronald Robson, citado nos materiais de divulgação da nova edição.
Já a trabalhar numa tradução de outra obra da literatura clássica, que sairá, provavelmente, depois do Verão, Carlos André diz-se “francamente satisfeito” com a edição de Eneida no Brasil, que recebe como “um reconhecimento do trabalho” realizado.
“É um mercado enorme, o número potencial de leitores é vastíssimo”.