A rebelião popular ocorrida em 1942 no Souto da Carpalhosa, que ficou conhecida como Revolta do Milho, tem, desde este sábado, um monumento que evoca o acontecimento, do qual resultou a detenção de várias pessoas, incluindo duas mulheres, as únicas confirmadas como tendo estado presas no Forte de Peniche.
O monumento, que contém um resumo deste momento histórico, fica localizado no Parque Revolta do Milho, criado no lugar de Estremadouro, Souto da Carpalhosa e que contempla também um jardim, mobiliário urbano e equipamentos de manutenção para a prática de exercício físico.
A pintura de homenagem às ex-presidiárias do Forte de Peniche envolvidas na Revolta do Milho recorda, em texto, o episódio que começou com a notificação de um agricultor da terra – José “Barbeiro” – para entregar uma grande quantidade de milho por um valor substancialmente mais baixo que o seu real valor de mercado.
“Sabendo da intenção do Grémio de levar o milho, a população organizou-se para impedir a sua recolha”, lê-se no texto, onde é recordado que o sino da capela do Vale da Pedra tocou “a repique” por duas ocasiões. “As pessoas juntaram-se e o milho não foi levado.”
Mas à terceira tentativa, “a autoridade veio melhor preparada”, impedindo o toque do sino e garantindo “o carregamento e transporte do milho declarado em manifesto”.
Posteriormente, as pessoas que participaram nos levantamentos populares foram identificadas e presas, incluindo duas mulheres e cerca de uma dezena de homens das freguesias de Souto da Carpalhosa, Monte Redondo e Bajouca.
Entre os detidos estavam Maria de Jesus Tomásia e Teresa Marques, as duas únicas mulheres confirmadas como tendo estado presas no Forte de Peniche. Os seus são, aliás, os únicos nomes femininos que constam no memorial inaugurado em 2019, junto àquela fortaleza.
Há, no entanto, uma terceira mulher – Maria do Outeirinho – que pode também ter passado por essa prisão e que, tal como as outras duas, participou na designada ‘revolta do milho’, levada a efeito no Verão de 1942 naquela freguesia. A informação foi avançada por uma neta, em 2019, ao jornal Região de Leiria, dando conta que a mulher, também natural de Souto da Carpalhosa, solteira e com um filho de 13 anos, terá, inicialmente, conseguido fugir às prisões ocorridas durante a revolta e andado fugida durante seis meses. Já doente, terá regressado à terra e sido apanhada pela PIDE e presa durante alguns meses.