Foi o desejo de ter uma experiência internacional, de viver noutro país em contacto com culturas diferentes, que levou Nuno Bajouco, natural de Leiria, a deixar o País, primeiro para Inglaterra e, mais recentemente, para a Suíça. Engenheiro aeronáutico, integra o departamento de segurança e manutenção de aeronaves da companhia Helvetic Airways. Antes, trabalhou nas duas maiores empresas de jactos privados do Mundo. Regressar a Portugal está nos seus planos, mas não para já. “A situação do País não me dá confiança para o regresso”, alega.
A paixão de Nuno Bajouco pela aviação surgiu na adolescência, quando o pai o levou ao Aero Clube de Leiria para o iniciar no aeromodelismo. Até aí, eram as áreas da Biologia, Zoolologia e Veterinária que o atraiam, muito por ‘culpa’ da BBC Vida Selvagem. “Não perdia um episódio”, recorda o engenheiro, reconhecendo que a visão que tinha para o seu futuro profissional sofreu uma “grande mudança” com o contacto com a actividade do Aero Clube. “Fui mordido pelo bichino dos aviões e, a partir daí, não houve dúvidas.”
Terminado o ensino secundário, que fez na escola Rodrigues Lobo, Nuno Bajouco ingressou Maria Anabela Silva anabela.silva@jornaldeleiria.pt na Universidade da Beira Interior, onde se licenciou em Engenharia Aeronáutica, confirmando que era esse o caminho que queria seguir. Acabou, no entanto, por fazer um desvio, quando, no final do curso, enquanto procurava emprego na área, recebeu um convite para trabalhar em Leiria na ENAT Energias Naturais, empresa ligada ao sector das renováveis.
“Duas semanas depois de ter aceitado o convite, chegaram respostas às candidaturas que enviei na área da aviação, mas não quis voltar atrás e lancei-me nesse desafio”, conta o jovem, que acabou por ficar dois anos e meio na ENAT.
Findo esse período, decidiu que era tempo de regressar à sua área de formação e lançou-se novamente na procura de emprego. Viria a ser aceite na Netjets, a maior empresa de jactos privados do Mundo, que tem a sua sede para a Europa em Lisboa. Foi, diz, “a prova” de que era na aviação que queria ficar.
Ao fim de um ano e meio, e apesar do convite para continuar e das “boas condições salariais”, decidiu sair, para cumprir o desejo de “ter uma experiência fora do País”. Vivência em Cambridge A oportunidade surgiu em Cambridge, Inglaterra, para integrar o departamento responsável pela manutenção e segurança de aeronaves da ExecuJet (Luxaviation Group), que opera também com jactos particulares.
“A missão da equipa é assegurar que as aeronaves têm todas as condições para voar”, explica Nuno Bajouco, que partiu para esta aventura acompanhado pela namorada, o que, reconhece, facilitou a adaptação. Em Cambridge viveram inicialmente num airbnb, que partilhavam com jovens de outros países, como Espanha, Hungria e Uruguai. “Era o que eu procurava: poder contactar com outras culturas e ver como funcionava o dia-a-dia de um país diferente”.
Ao fim de um ano, com o início da discussão do Brexit e com as mudanças que estavam em curso na empresa onde trabalhava, que implicaram despedimentos, Nuno Bajouco decidiu procurar “outras saídas” e começou a pesquisar emprego em países como Alemanha, Áustria, Noruega, Suécia e Suíça.
A oportunidade e a escolha recaiu neste último país, para onde se mudou em 2018, para trabalhar na Helvetic Airways, também na área da manutenção de aeronaves. “É um país muito organizado, com regras que são cumpridas. Às vezes, é um pouco de mais, mas funciona”, diz, assumindo que o objectivo é voltar a Portugal, só não sabe quando. “Com a situação actual do País, não. Não me dá confiança para o regresso.”