Perto de 70% da água distribuída pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Leiria é comprada, quase na totalidade à empresa Águas do Centro Litoral (AdCL), sendo que, no ano passado, essa aquisição totalizou 4,1 milhões de euros. Os restantes 30% provêm das 23 captações próprias dos SMAS, que estão a comemorar 90 anos de actividade
A propósito desta efeméride, o JORNAL DE LEIRIA olha para alguns números do sistema dos SMAS, que têm “a maior rede de abastecimento de água do País”, com um total de 1820 quilómetros de condutas.
No último ano, os SMAS distribuíram quase 10,5 milhões de metros cúbicos de água, dos quais 7,3 milhões provenientes das captações da AdCL quer na Mata do Urso, em Monte Redondo, quer em Amor.
Este valor resulta “do contrato de concessão assinado entre o município e a AdCL”, justificam os SMAS, que mantêm activas 23 captações no concelho, nenhuma delas no rio Lis, depois da desactivação da Estação de Tratamento de Água (ETA) de São Romão, consumada em 2021.
Há ainda uma pequena percentagem de água fornecida pela EPAL e pela Be Water, que abastece Santa Catarina da Serra e Chainça e algumas pontas das freguesias de Caranguejeira e Arrabal, segundo referiu o vereador Ricardo Santos, aquando da recente apresentação do último relatório e contas dos SMAS à Assembleia Municipal.
Abrangendo uma população com quase 129 mil habitantes, os SMAS registam perto de 69 mil clientes, 83% dos quais com “os três serviços – água, saneamento e resíduos sólidos urbanos – disponíveis e contratados”, depois do salto dado ao nível da cobertura da rede de águas residuais, que passou de 74%, em 2009, e que, com os investimentos em curso, atingirá “os 95%”.
De acordo com dados avançados ao JORNAL DE LEIRIA, neste momento os SMAS têm no terreno obras no montante global de oito milhões de euros. A maior empreitada, no valor de quase três milhões, decorre em Monte Redondo e envolve a construção de rede de saneamento e remodelações no sistema de água. A obra com o segundo maior volume é a construção da conduta adutora entre Monte Redondo e a Praia do Pedrógão, que custará quase 1,7 milhões.
O combate às perdas de água é outra das necessidades de investimento dos SMAS, que, segundo dados avançados pelo vereador Ricardo Santos, regista “um volume de perdas de 34%”, valor que contempla já a diminuição de 1% verificada “nos últimos três meses”.
Entre as medidas em curso está o alargamento do sistema de telemetria, a implementação de software “preditivo” de falhas, o controlo de caudais e pressão e a reabilitação de rede de água. Há também acções de pesquisa activa de fugas, que, no ano passado, abrangeu 1500 quilómetros de condutas e que permitiu referenciar 216 roturas. “A maior parte eram fugas de pequena dimensão, não visíveis.
Se não fizéssemos esta intervenção dificilmente as conseguiríamos detectar”, nota o autarca.
Rede de bebedouros
No âmbito da sensibilização para a ingestão de água da torneira, os SMAS estão a instalar uma rede de bebedouros na cidade, com o objectivo de promover esse consumo e contribuir para a diminuição da utilização de plásticos descartáveis.
Nesta fase estão já disponíveis bebedouros no Mercado de Sant’ Ana, no Castelo, no Parque do Avião e junto ao Centro de Interpretação Ambiental, mas o compromisso dos SMAS é alargar a medida a outros pontos da cidade. Com esta rede de bebedouros, pretende-se incentivar o recurso à água da torneira, permitindo “aos transeuntes encher a sua garrafa ou copo reutilizáveis”.
Os números
1820
uma rede de abastecimento de
água de 1820 quilómetros de
extensão, a maior do País, gerem
23 captações subterrâneas e 78
reservatórios
7,3
No ano passado, os SMAS
distribuíram 10,4 milhões de
metros cúbicos de água, dos
quais, 7,3 foram comprados
a sistemas em alta, a quase
totalidade fornecida pela AdCL
68.600
Os SMAS têm cerca de 68.600
clientes no abastecimento de
água e 56900 no saneamento.
Perto de 83% usufruem destes
dois serviços, e do de resíduos
sólidos urbanos.