Os concelhos que integram o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Pinhal Litoral não têm conseguido captar médicos nos concursos que abrem para os novos lugares nos cuidados de saúde primários.
Segundo Marco Neves, director executivo do ACeS, até ao final do ano mais de cinco médicos poderão reformar-se na região, o que poderá aumentar ainda mais o número de utentes sem médico de família atribuído. “Estamos a desenvolver estratégias para garantir respostas aos ficheiros que ficam descobertos, sendo que os médicos que vêm por concurso não temos conseguido atrair mais do que aqueles que são formados cá. No último concurso entraram sete. Nós tínhamos formado seis”, revela o responsável.
Marco Neves falava à margem da inauguração da nova Unidade de Saúde de Parceiros e Azoia, que vai dar resposta a 6.500 utentes e junta os centros de saúde de cada uma daquelas freguesias do concelho de Leiria.
A unidade de saúde, que começou a funcionar na segunda-feira, tem “uma capacidade de expansão para mais dois ficheiros”, ou seja, cerca de 3.000 utentes.
Conta com quatro médicos, três enfermeiros e três assistentes técnicos. “Havendo esta expansão que se perspectiva, poderá vir a ter mais dois médicos, mais dois enfermeiros e provavelmente mais dois assistentes técnicos”, explica.
Esta unidade integra a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Campos do Lis, que inclui ainda o polo da Barosa e o polo de Amor. “Para já é isto que está a funcionar. No futuro, como disse o senhor primeiro-ministro, se houver intenções de constituir uma USF [Unidade de Saúde Familiar], parte sempre dos profissionais, que são livres de apresentar as propostas”, afirma.
Esta foi uma das soluções apontadas por Manuel Pizarro, ministro da Saúde, para fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde. O governante avançou que a constituição de USF serão um polo de atracção para fixar médicos: “Não temos nenhuma dúvida de que esta generalização [USF] vai ajudar a dar melhor resposta aos portugueses e também a fixar profissionais no SNS”.
Segundo o governante, existe uma “rotação grande de profissionais, que depois de colocados em unidades como esta [Parceiros], procuram as tais USF modelo B, onde o esforço que lhes é exigido é um pouco superior, mas a remuneração também é superior”.
Manuel Pizarro garantiu ainda que as USF-B não vão encurtar os tempos de consulta.
“É rigorosamente ao contrário. O que acontece nessas USF é que há um conjunto de indicadores de desempenho que são indicadores de qualidade assistencial. Essas equipas responsabilizam-se pela população de uma determinada comunidade e mede-se a capacidade de tratar e controlar os doentes com diabetes mellitus, tratar e controlar os doentes com hipertensão arterial, acompanhar as senhoras que estejam grávidas, acompanhar a saúde infantil com um número estabelecido mínimo de consultas durante o primeiro e segundos anos de vida”, explicou.
Também Marco Neves acredita que esta pode ser uma medida de atrair profissionais de saúde ao SNS. “Garantidamente. As USF modelo B não tem dificuldades de recursos. As UCSP é que estão com as dificuldades todas e isso é visível ao olho de toda a gente. As UCSP, especialmente as multipolares, têm mais dificuldade em garantir a atratividade aos médicos”, reforça.
Este responsável referiu ainda que Leiria é o concelho do ACeS Pinhal Litoral onde há mais utentes sem médico de família.
Gonçalo Lopes, presidente do Município de Leiria, considerou que estas unidades de saúde “constituem a base do nosso sistema de saúde pública, uma rede de segurança, onde os utentes encontram o primeiro ponto de contacto com os profissionais de saúde e onde têm acesso a uma multiplicidade de serviços, desde os cuidados preventivos ao acompanhamento de doenças crónicas, fortalecendo uma relação de confiança e proximidade entre os profissionais de saúde e os utentes”.
1,7
Com um investimento de 1,7 milhões de euros, a Unidade de Saúde de Parceiros e Azoia beneficiou de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.