As pegadas de dinossauros mais antigas da Península Ibérica foram descobertas em Alvaiázere. De acordo com o estudo publicado agora, as pegadas têm 195 milhões de anos e pertencem a uma nova espécie de dinossauro, denominada ‘Moyenisauropus lusitanicus’.
“Este registo, devidamente contextualizado do ponto de vista estratigráfico, constitui-se como o mais antigo de dinossauros da Península Ibérica, antecipando em cerca de 25 milhões de anos a mais antiga ocorrência de dinossáurios que era conhecida na Península Ibérica”: as pegadas de saurópodes da Pedreira do Galinha, na Serra de Aire, que têm cerca de 170 milhões de anos, explica um comunicado do Centro Português de Geo-História e pré-História (CPGP) e do Instituto Politécnico de Tomar (IPT).
Publicada na revista internacional Historical Biology, a descoberta foi descrita a partir de um conjunto de pegadas fósseis, encontrado no concelho de Alvaiázere, por uma equipa multidisciplinar de investigadores portugueses, e permitiu “ampliar conhecimento acerca da diversidade de dinossáurios e outros vertebrados conhecida no registo fóssil do Jurássico Inferior europeu e mundial”
Segundo descrevem os investigadores naquela nota de imprensa, as pegadas encontram-se numa “camada de rochas carbonatadas (calcários dolomíticos) da Formação de Coimbra, datada do andar Sinemoriano (Jurássico Inferior)” e foram deixadas “numa vasta planície costeira, que existia naquela altura, onde actualmente se encontra o concelho de Alvaiázere”.
De acordo com o estudo, estas pegadas apresentam “algumas afinidades” com outras do mesmo período descritas na Polónia e na África do Sul, “embora com algumas diferenças, que permitiram a classificação desta nova espécie”. Frisando que o registo fóssil de Jurássico Inferior na Península Ibérica “é escasso”, os investigadores apontam este trabalho como “um importante contributo para o conhecimento sobre os dinossauros do Jurássico Inferior a nível internacional” e para “a reconstituição paleogeográfica e paleobiológica do Sinemuriano de Portugal”.
As primeiras pegadas foram descobertas em 2006 por João Forte, geógrafo natural de Ansião e um dos co-autores do estudo. Na época, “eram apenas 4 pegadas, que sobressaiam na laje calcária”, sendo que o presente artigo descreve, “de forma detalhada”, 17 pegadas identificadas durante os trabalhos de campo realizados em Julho de 2022, refere aquele comunicado de imprensa.
O estudo foi liderado pelo paleontólogo Silvério Figueiredo, professor do Politécnico de Tomar e presidente e investigador do Centro Português de Geo-História e Pré-História. No estudo participaram investigadores da Universidade de Coimbra; do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente; do Geoparque NaturTejo; do Instituto D. Luís da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; da Al-Baiaz – Associação de Defesa do Património e da CAA-Portugal.