Prestes a decorrer a 13.ª edição da Semana de Moldes, organizada pela Cefamol (Associação Nacional da Indústria de Moldes), pelo Centimfe (Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos) e pela Associação POOL -NET (Portuguese Tooling & Plastics Network), que acontecerá entre 20 e 24 de Novembro na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis, o JORNAL DE LEIRIA continua a ouvir testemunhos de empresários que, ao longo de anos, têm participado no evento.
Desta vez, é o CEO do grupo Somema, quem salienta o contributo das mesas redondas, das conferências e de todo o networking promovido nesta iniciativa.
“Participamos sempre. Procuramos a discussão sobre vários temas, ouvir intervenientes nacionais, estrangeiros, concorrentes, pessoas de vários instituições sobre temas do futuro, de investigação e desenvolvimento, materiais, tudo o que tem a ver com o nosso negócio, com a organização das empresas, clientes, etc.”, refere o CEO.
E nesta edição da Semana de Moldes continuarão a ser abordados [LER_MAIS]temas fulcrais para a indústria de moldes, desafios da sustentabilidade ambiental, económica e de natureza social, preocupações também partilhadas por Fernando Vicente. Depois da crise provocada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia, o empresário manifesta-se apreensivo com o impacto que o conflito no Médio Oriente pode ter. Uma guerra que, naquela zona do globo, caso venha a envolver vários países levará a oscilações do preço do petróleo, com influência nos transportes e na matéria-prima, observa o empresário. A sustentabilidade ambiental tem sido também preocupação da Somema, que instalou painéis fotovoltaicos nas unidades do concelho de Alcobaça e da Marinha Grande e tem investido na separação de resíduos, embora o sector da recolha ainda pratique valores elevados, nota o CEO.
A captação e fixação de recursos humanos é outra das preocupações da Somema, transversais a todas as indústrias do sector. A empresa é próxima do ensino superior e de escolas profissionais, mas têm surgido menos estagiários e a rotatividade nas empresas é grande, constata Fernando Vicente. Os jovens estão a ser atraídos por outros sectores e a sair do País, observa o responsável pela Somema, que continua a apostar na formação dos recursos humanos. Inflacionar vencimentos para reter colaboradores não pode ser o caminho, sob pena de as empresas deixarem de ter capacidade para contratar.
Constituída em 1958, a Somema emprega hoje cerca de 90 colaboradores. Fabricante de moldes, de perfil exportador, opera na indústria automóvel e tem vindo a incrementar a sua aposta noutros domínios, como agro-alimentar ou electrodomésticos. Nos próximos anos a indústria automóvel “deverá normalizar”, com mais encomendas para fazer face a toda a mudança que está a acontecer nos veículos eléctricos, híbridos, etc., mas Fernando Vicente alerta que, entretanto, também são muitas as inovações tecnológicas que se impõem, que é preciso dominar, além de que “a China está numa posição cada vez mais favorável. Já é um concorrente e vai continuar a sê-lo. Os chineses têm vindo a evoluir de forma estrondosa”.
Neste sector, a chave para a longevidade de uma empresa passa por “estar em permanente actualização” e diversificar os mercados onde actua. Embora a indústria automóvel continue a ser tecnologicamente evoluída, contribuindo para o desenvolvimento dos moldes e plásticos, é necessário diversificar mais, mesmo que lentamente, considera Fernando Vicente.
Perfil exportador
A Somema exporta 100% do que produz. Em 2022, vendeu cerca de 7,5 milhões de euros, acima dos números alcançados durante a pandemia, mas ainda assim abaixo do que era o volume de negócios pré-Covid-19