Apesar de terem boas ideias para lançar novos produtos e serviços, frequentemente, por falta de recursos humanos, de tecnologia e de outras condições para testar a eficácia dos seus projectos, muitas startups e pequenas empresas não chegam a materializar os seus intentos. Com o objectivo de criar as condições necessárias às empresas para o desenvolvimento e teste de novos produtos e serviços, acelerando assim o processo de transição digital, foi constituída uma rede nacional de Test Beds, que se insere na componente Empresas 4.0 do Plano de Recuperação e Resiliência.
Na prática, as Test Beds são consórcios integrados por empresas de diversos sectores, detentoras de know how e de tecnologia, que colocam à disposição das startups e pequenas empresas, que assim têm possibilidade de [LER_MAIS]testar, patentear e lançar produtos inovadores. O serviço é prestado pelas entidades consorciadas abaixo do preço de mercado. Ao mesmo tempo, as grandes empresas são desafiadas a superar-se neste trabalho de parceria.
Foi com o objectivo de dar a conhecer esta rede, o seu funcionamento numa lógica de proximidade, bem como as três Test Beds que envolvem entidades da região, que a Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei) organizou terça- feira a conferência Aceleradores de Inovação – As Test Beds com Impacto na Região de Leiria.
Henrique Carvalho, director executivo da Nerlei, apresentou a Test Bed INOV.Recycle, liderada pela Corbario, da qual também faz parte a Associação Empresarial da Região de Leiria. Neste caso, o objectivo desta rede colaborativa é prestar serviços no âmbito da gestão de resíduos, que promovam, por exemplo, maior selectividade na separação de resíduos e que fomentem a digitalização nestes processos.
Entre as inovações que poderão ver a luz do dia através desta Test Bed poderão constar novos vidros com base reciclada, para melhor sustentabilidade, novos artigos de cerâmica, mas também serviços de e-commerce, segurança informática, realidade aumentada, exemplificou Henrique Carvalho.
Já Diogo Fonseca, da Plásticos Futura, apresentou a Test Bed Digitalplas: Produtos e Processos de Base Tecnológica no Âmbito dos Polímeros, consórcio que se juntou por incentivo de um cliente desta empresa da Marinha Grande, e que reúne agora empresas de desenvolvimento de software, moldes, plásticos, cerâmica, entre outros domínios.
Diogo Fonseca alertou para a questão da regulamentação, que ainda carece de ser afinada, mas enalteceu as mais-valias que uma Test Bed traz para consorciados e startups. Além de ajudar as maiores empresas a capacitar-se tecnologicamente, a manter maior comunicação, partilha de ideias, é uma ferramenta que permite a uma startup passar da ideia a um protótipo que pode apresentar ao cliente, argumentou.
Neuza Marto apresentou Test4Food – Inovação Digital no Sector Agroalimentar, a Test Bed liderada pela Lusiaves, da qual também faz parte a Startup Leiria, que, até Setembro de 2025, visa impulsionar 48 testes-piloto.
A Test4Food irá actuar na área da inteligência artificial, robótica, internet das coisas, ciência dos dados, big data e conectividade, prestando serviços na área dos ensaios de validação de novas formulações alimentares, ensaios microbiológicos, ensaios fisico-químicos, ensaios sensoriais e de estabilidade, exemplificou Neuza Marto.
Já Eduarda Fernandes, presidente da Startup Leiria, realçou que a intervenção desta entidade na Test Bed passará pela preparação de planos de negócios, elaboração de business cases, apoio na obtenção de certificação e registo de patentes, apoio na captação de financiamento e acesso a outros ecossistemas.
Manuel Gil, coordenadora do MARE – Politécnico de Leiria, sublinhou a importância das Test Beds na óptica das unidades de investigação. Explicou que são muitos os investigadores interessados em testar e validar as suas ideias, para colocar produtos no mercado.
A digitalização da aquacultura, a utilização de fabrico aditivo para produzir mais e melhor alimento são algumas das áreas onde o apoio de Test Beds será útil, exemplificou.