Fundação Mário Botas (FMB) vai assinalar os 71 anos sobre o nascimento do pintor com um conjunto de iniciativas que preparam a abertura da sua sede, na Nazaré, no primeiro trimestre de 2024.
De acordo com a Lusa, o programa, apresentado hoje, arranca com a iniciativa Ao Encontro de Mário Botas, agendada para o dia 16 de Dezembro, o primeiro de vários eventos que visam assinalar os 71 anos do nascimento do pintor Mário Ferreira da Silva Botas, que morreu em 1983.
A iniciativa, que decorrerá no edifício da fundação, localizado na Nazaré, propõe “passar a tarde de sábado a encontrar o pintor, de várias formas”, disse à agência o coordenador do evento, Samuel Fialho.
Na sequência da morte de Mário Botas, foi instituída a FMB, segundo testamento do artista, com a missão de divulgar a obra do pintor e criar uma casa-museu. A família doou um terreno, na Nazaré, para a instalação no museu e sede da fundação, cuja construção começou em 2002. A obra está concluída há vários anos, num investimento superior a 2,2 milhões de euros, mas a abertura ao público foi sucessivamente adiada devido a problemas burocráticos, finalmente solucionados, contextualiza a Lusa.
Para Samuel Fialho, trata-se de “um marco histórico não só para a FMB, mas também para a comunidade nazarena que há muito anseia a abertura deste espaço”, que irá receber o acervo do artista. “Apesar de não se tratar, ainda, da inauguração oficial do edifício, uma vez que não estão reunidas todas as condições técnicas para acolher as obras do pintor, é o primeiro passo para a dinamização do espaço e marca também um novo ciclo na administração desta organização”, divulgou a fundação num comunicado.
O arranque deste novo ciclo será marcado por um conjunto de iniciativas que irão acontecer entre o dia 16 e o dia 23 de Dezembro, data em que o conselho de administração da fundação fará uma visita à campa de Mário Botas (situada no cemitério da Pederneira, na Nazaré), onde “depositará uma coroa de flores, será lido um pequeno discurso e será feito minuto de silêncio em memória ao pintor”.
Apostada em “não deixar passar, por mais um ano, a comemoração do aniversário do pintor”, a FMB propõe, para o dia 16, que a vida deste seja celebrada “com um conjunto de conversas que o coloquem na agenda novamente e que o façam relembrar”, ao longo de uma tarde de debate, música e declamação de alguns poemas dedicados a Mário Botas e outros, inéditos, escritos pelo próprio.
Além da performance musical Desconcerto de abertura, a tarde será marcada por uma conversa intimista com um amigo do pintor que irá revelar facetas e histórias menos conhecidas de Mário Botas e um painel de discussão com o tema Onde está Mário Botas?.
Do programa do dia 16 fará ainda parte o lançamento da nova imagem institucional da FMB e a apresentação da campanha de divulgação do Clube de Amigos do Mário Botas.
Entre os dias 18 e 23 de Dezembro serão realizadas “pequenas iniciativas que pretendem marcar a contagem decrescente até ao dia efectivo do aniversário de Mário Botas”, a 23 de Dezembro, cuja programação não se encontra ainda fechada, mas que poderá passar por declamação de poemas, a colocação de um cavalete com o auto-retrato do pintor “em locais inusitados” ou a projecção de pinturas em fachadas da Nazaré, adiantou Samuel Fialho.
“Além de cumprir um desejo de todos os amigos de Mário Botas”, a programação destas iniciativas é o ponto de partida para a “efectiva abertura da fundação ao público” que deverá ocorrer no primeiro trimestre do próximo ano, com “o regresso das obras do pintor à sua casa”, depois de vários anos de impasse na concretização das obras do edifício que o próprio pintor, no seu testamento, instituiu que fosse a sede de uma fundação para expor as suas obras.
Mário Ferreira da Silva Botas nasceu a 23 de Dezembro de 1952, na Nazaré, terra dos seus pais e onde fez os estudos primários e secundários, como recorda a biografia patente na página da câmara municipal.
“Aluno brilhante, terminou o secundário com altas classificações e foi dispensado do exame de admissão à faculdade de Medicina de Lisboa, onde ingressou em 1970. Licenciou-se com distinção em Julho de 1975, mas quase não chegou a exercer medicina”, acrescenta o mesmo texto. Surpreendido por uma leucemia em 1977, decidiu dedicar-se exclusivamente à pintura. Botas morreu a 29 de Setembro de 1983 no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.