A infecção continua a propagar-se das redes sociais para as bocas do mundo, mas Inês Apenas tem o antídoto. Depois do single “Leiria Não Existe”, lançado em Novembro para “desmistificar” o meme, a cantora e compositora protagoniza o concerto “Leiria Não Existe”, que esta quinta-feira, 7 de Dezembro, abre o 2.º Festival Leiria Cidade Criativa da Música.
“Existe, sim senhor” – realça Daniel Bernardes – e a artista “vai brincar” com a frase vírus e “falar sobre espaços de Leiria que a marcaram, da sua relação pessoal com a cidade” e da “ligação emocional” ao território, onde cresceu.
Antiga aluna do Orfeão de Leiria, Inês Apenas “tem estudos de música clássica” e “muita experiência a escrever música” na estética pop e electrónica, que a levou, entretanto, ao Festival da Canção, “mas nunca tinha escrito para orquestra de cordas”, assinala o director artístico da Leiria Cidade Criativa da Música (LCCM). “Aceitou o desafio” e vai a palco para “um diálogo” com a Camerata de Cordas de Leiria – “um agrupamento relativamente jovem que estamos a tentar promover”, comenta Daniel Bernardes – depois das 21:30 horas, no Teatro José Lúcio da Silva. E, como convidada, Cláudia Pascoal.
Até ao próximo sábado, o 2.º Festival Leiria Cidade Criativa da Música oferece 15 obras em estreia absoluta. “Arrisco dizer que será o único no nosso País”, sublinha o responsável pela LCCM, que admite “a necessidade da criação de uma fonoteca, de um repositório” para preservar partituras e gravações. Em 2023, o tema “Património Natural e Arquitectónico de Leiria” envolve com sons e melodias os principais símbolos da cidade.
Na sexta-feira, 8 de Dezembro, a Orquestra Jazz de Leiria sob a direcção de César Cardoso vai interpretar no Teatro Miguel Franco originais encomendados a João Capinha e Joel Silva, ambos de Leiria, Nelson Cascais, Jeffery Davis, Zé Eduardo e Paulo Perfeito, que se motivaram, por exemplo, na Casa do Arco e no Mercado de Sant’Ana. “São nomes incontornáveis do panorama do jazz nacional”, avalia Daniel Bernardes. “Vários destes compositores vieram a Leiria em busca de edifícios ou de espaços que os inspirassem. Sei que a Casa dos Pintores tirou o Jeffery Davis do sério, o Paulo Perfeito ficou abismado com a colina do Castelo”.
Já na terceira e última noite, reservada para a música contemporânea, o Ensemble de Sopros da Associação de Filarmónicas do Concelho de Leiria dirigido pelo maestro Tiago Alves dará vida no Teatro José Lúcio da Silva à música encomendada aos leirienses Mário Nascimento e Rui Lavos e a Ângela da Ponte, Pedro Lima, Telmo Marques e Nuno da Rocha, que evocam a nascente do rio Lis, o Castelo de Leiria ou o vale do Lapedo.
Pela primeira vez, o festival investe na solenização de jovens solistas de Leiria actualmente fora da cidade ou do país e estão convidados Diogo Alexandre (bateria, na Bélgica), Eduardo Cardinho (vibrafone, radicado no Porto), José Guilherme Neves (tuba, na Holanda) e Pedro Santos (guitarra, na Alemanha).
“É importante que continuem a tocar em Leiria e que o público leiriense tenha noção do talento que Leiria exporta”, diz Daniel Bernardes.
As obras finalistas do Concurso Internacional de Composição de Leiria – que pretende “levar o nome de Leiria para fora”, segundo Daniel Bernardes, com “valores equiparáveis aos principais concursos na Europa” – são “Senhora do Monte”, de Estela Alexandre, de Leiria, e “Fibers”, de Hristo Goleminov, e serão executadas durante o Festival.
Todos os concertos têm acesso gratuito e início às 21:30 horas.