Há um novo centro de gravidade a contribuir para o planetário de bandas de Leiria e os Wheels já surgem no espectro com o primeiro álbum, que esta sexta-feira, 12 de Janeiro, ficou disponível através das plataformas digitais de streaming – hoje, sábado, com início às 18 horas, o disco é apresentado ao vivo durante um concerto incluído no 31.º aniversário do Pátio do Barão, na zona histórica, junto à Rua Direita.
À procura de uma estreia auspiciosa, João Reis (guitarra e voz), Benjamim Gonçalves (baixo), Miguel Mota (guitarra), Pedro Gonçalves (piano), Nuno Silva (bateria) e Tomás Silva (percussão e voz) viajaram nos anos 60 à boleia da colecção de vinis do avô de João Reis e de lá regressaram com oito temas que (são eles que o dizem) reflectem influências de Bob Dylan a Jimi Hendrix ou Grateful Dead.
Sim, há uma canção sobre uma rapariga com um vestido de flores e o longa duração Tales From Abel’s Creek é o produto de uma sessão gravada como antigamente, com os seis músicos a tocarem ao mesmo tempo no estúdio e sala de ensaios que mantêm no espaço social e de formação Void Academy, da Void Software, no Centro Comercial D. Dinis, onde também ensaiam The Third Floor. Nos Wheels, há elementos de outras duas bandas que gravitam o mesmo sistema e começam agora a mostrar-se nos radares, já com experiência de palco: The Third Floor e The Speechless Monologue.
Na capa do LP, a fotografia “do Monteiro” mostra que os rapazes levam a sério “a febre dos sixties” e João Reis – apontado pelos outros como o líder do grupo, aquele que aparece com as letras (escritas em inglês) e com a maioria das ideias – reconhece a inspiração proveniente do “rock psicadélico” e dos “blues”.
“Procuramos a nossa sonoridade, soar a nós”, ressalva o vocalista e guitarrista durante a conversa na Void Academy. “Diria que é uma energia positiva, independentemente [de] se a música é feliz ou não, mas a crítica é quase involuntária e aparece por vezes nas minhas letras”, comenta numa mensagem partilhada posteriormente com o JORNAL DE LEIRIA. “Acho que as músicas que escrevo são mais à volta de experiências do que [de] críticas, mas [ambas] estão presentes”.
No título do álbum está representado “um sítio que é familiar a todos”, de onde emergem as canções dos Wheels, explica João Reis. Em “Dig The Wounds (Out Of My Mind”, “Abel’s Creek”, “Grip The Hurt”, “Bad Waters”, “Queens Of Spades”, “That Girl With The Flower Dress”, “Treebirds” e “Macroscopic Space”, o ambiente evidencia a opção pelo modo live, com liberdade para contributos de última hora. “É mais fácil atingir o som que queremos”. Miguel Mota reforça: “É importante para nós”, por “preservar o momento” e valorizar “o improviso”. Com mistura e masterização de Hugo Larcher, o disco inclui algumas vozes e guitarras gravadas à parte.
“Estamos a seguir um legado”, assinala Miguel Mota, sobre os projectos que os antecedem, na cidade. Depois do primeiro concerto com a actual formação, na Primavera do ano passado, em Coimbra, no Atelier A Fábrica, os Wheels estreiam Tales From Abel’s Creek, este fim-de-semana, no Pátio do Barão, bar de que são clientes e onde vários deles já actuaram mais do que uma vez. Noutra década, a história das bandas de Leiria também passou por ali.