“O Movimento Cívico e a maioria da população marinhense não vão desistir até que o mesmo seja colocado no centro da Praceta do Vidreiro.” A exigência é feita pelo Movimento Cívico pela manutenção do Monumento Evocativo do 18 de Janeiro de 1934, que lamenta que “40 anos após a inauguração, o Monumento ao Movimento Vidreiro esteja desmembrado e a requalificação deste lhe tenha retirado a sua centralidade e visibilidade”.
O monumento foi inaugurado aquando do 50.º aniversário da revolta do 18 de Janeiro de 1934. A obra da autoria do escultor marinhense Joaquim Correia foi retirada do local para trabalhos de beneficiação e não voltou ao local de origem.
Foi transferida para uma zona próxima, no passeio em forma de meia-lua que rodeia o Parque Mártires do Colonialismo.
Em 18 de Janeiro de 1934, no âmbito de uma greve nacional, vários trabalhadores da Marinha Grande, na sua maioria vidreiros, reuniram-se em Casal Galego, tendo, depois, cortado estradas de acesso à cidade e a linha ferroviária.
Ocuparam também a Estação dos Correios e o posto da GNR, mas o movimento acabou contido logo ao início da manhã, com a chegada à Marinha Grande de forças policiais e militares.
Os revoltosos ainda resistiram, mas, pela manhã, as autoridades tomaram a cidade. O número de detidos terá ascendido a 131 pessoas, sendo que 45 revoltosos foram processados e condenados ao desterro pelo Tribunal Militar Especial, com penas entre três e 14 anos de prisão e ao pagamento de pesadas multas.
O movimento cívico tem insistido junto da autarquia para que o monumento regresse ao local de origem e ganhe o protagonismo que merece.
Sempre que tem sido confrontado em reuniões de executivo, o presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, tem referido que aguarda por um especialista que possa fazer o trabalho nas melhores condições.
Numa nota de imprensa, o movimento adianta que “comemorar os 90 anos do 18 de Janeiro de 1934 é enaltecer os operários que, com determinação e coragem lutaram contra o regime fascista, pela liberdade, por uma sociedade sem amarras”.
Trata-se de “uma luta que marcou a história da Marinha Grande e cujo exemplo foi semente para as duras lutas travadas, mesmo correndo o risco de prisão, tortura e de vida, durante mais quatro décadas até ao 25 de Abril de 1974 e que se prolonga nos nossos dias”.
“Assinalar a acção dos heróis do 18 de Janeiro, nos dias de hoje, é afirmar os valores de Abril e, simultaneamente, exigir que no futuro imediato do país se responda, efetivamente, aos principais problemas que enfrenta: a urgência de elevação geral dos salários, a defesa e promoção dos serviços públicos como a saúde e a educação e a garantia do direito a uma habitação digna acessível a todos”, refere ainda o comunicado.
Nesse sentido, o movimento apelou à participação dos trabalhadores e da população nas comemorações em geral e especialmente na manhã do dia 18 na romagem aos cemitérios seguida de manifestação.
“A melhor homenagem que podemos fazer aos obreiros do 18 de Janeiro é manter viva a força combativa, lutando contra as injustiças, pelo direito a ter uma vida digna, pelo direito à paz e ao fim do massacre dos povos. Só assim faz sentido comemorar os 90 anos do 18 janeiro e os 50 anos do 25 de Abril, que também ele pôs fim a uma sangrenta guerra colonial”, destaca a nota.