O presidente da Junta de Freguesia de Reguengo do Fetal, Fernando Lucas, acusa a UNAC – União da Floresta Mediterrânica de não considerar o Carvalho do Padre Zé, uma árvore com 460 anos, no Concurso Nacional Árvore do Ano 2024, por não estar inserida em “regime urbano”.
Segundo o autarca, o júri “não considerou importante” esta árvore do concelho da Batalha, que tem 21 metros de altura, uma copa de 53 metros e um tronco com 6,5 metros na base.
Fernando Lucas conta que a entidade organizadora do concurso foi questionada sobre os critérios tidos em conta e, segundo o próprio, a UNAC respondeu que, este ano, optou “por árvores em regime urbano”.
No entanto, entre as dez árvores que chegaram à fase final, existem várias situadas em perímetro florestal.
Contactada pelo JORNAL DE LEIRIA, a secretária-geral da UNAC, Conceição Santos Silva, relata que esta justificação é “falsa”.
“Em momento algum a UNAC excluiu o Carvalho do Padre Zé da votação, até porque a localização da árvore em contexto urbano não é um pré-requisito, como o comprovaram as árvores que têm ido anualmente à votação nacional”, explicou.
Conforme adiantou a secretária-geral, as árvores escolhidas para a fase final são seleccionadas através da votação de um júri com cinco especialistas, de acordo com quatro critérios: biológicos – idade, rara ocorrência na região, habitat fora do comum; estéticos – beleza das árvores ou do conjunto do arvoredo; dimensões – aspectos como a altura, grossura do tronco, tamanho da copa ou forma peculiar; históricos ou tradicionais – aspectos culturais, inclusão em edifícios históricos ou em lendas. “As dez árvores com maior pontuação são as que avançam para a votação nacional”, adianta Conceição Santos Silva.
Este ano, a árvore que representa Portugal no concurso europeu é uma Camélia-japoneira, situada em Guimarães.
Apesar de esta árvore secular de Reguengo do Fétal não ter sido seleccionada para o concurso, o presidente da junta anunciou que, para o ano, o Carvalho do Padre Zé regressa à prova.
“Para o ano vamos insistir novamente. Temos o trabalho todo feito”, sublinha.
Árvore aguarda classificação
A Junta de Freguesia de Reguengo do Fétal aguarda pela classificação do Carvalho como Arvoredo de Interesse Público, a cargo do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
A candidatura foi enviada “em Janeiro de 2023” e os técnicos do ICNF já realizaram uma visita ao local para avaliar a espécie.
Fernando Lucas conta que o espaço onde se localiza o Carvalho do Padre Zé “já é muito visitado” pela população e, após a classificação do ICNF, a junta de freguesia pretende instalar “painéis indicadores” no local, que contem a história desta árvore.
Ao JORNAL DE LEIRIA, o ICNF adiantou que o processo de classificação do Carvalho do Padre Zé ainda está “em análise”.
Conta a história que, na década de 40 do século passado, o padre José do Espírito Santo salvou a árvore que agora toma o seu nome, para que não fosse cortada para carvão.