A Câmara de Leiria pôs fim ao transporte de táxi para serviço de enfermagem ao domicílio, disponibilizando viaturas do município aos profissionais de saúde. No entanto, há enfermeiros que se recusam a conduzir os veículos, causando constrangimentos nos cuidados de saúde prestados.
Os vereadores Álvaro Madureira (independente eleito pelo PSD) e Branca Matos (PSD) questionaram o executivo, na última reunião, sobre a falha nos domicílios por suspensão do transporte de táxis.
Gonçalo Lopes, presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, esclareceu que quando a autarquia assumiu a competência na área da Saúde, avaliou os custos que envolviam o transporte de táxi, na ordem dos 11 mil euros. “A conclusão a que chegamos é que o serviço de táxis é extremamente caro e não teria razão para ser efectuado, tanto mais que a despesa nunca foi identificada nem quantificada no âmbito da descentralização. Optámos por proceder à afectação de viaturas novas nos centros de saúde”, informou.
O autarca revelou ainda que o custo com as viaturas da autarquia é de 4.700 euros, o que permite uma poupança de 75.600 euros por ano.
“Desde que afectámos as viaturas, desde Novembro até agora, verificámos que muitas delas estão paradas. Há uma recusa da condução das viaturas por parte de alguns enfermeiros. Não todos. Por isso quero prestar uma homenagem aos profissionais de saúde que estão disponíveis a fazer parte da solução e apelo ao bom senso para que a saúde das pessoas não seja posta em causa”, acrescentou.
Gonçalo Lopes salientou ainda a importância de manter uma “gestão rigorosa dos dinheiros públicos” e assegurou que as viaturas estão cobertas pelo seguro, que abrange todos os ocupantes do veículo, incluindo o condutor.
Ivo Gomes, coordenador da direcção regional de Leiria do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, entende que “os enfermeiros não têm de conduzir, mas sim prestar cuidados de saúde” e adianta que o “Regimento do Exercício Profissional não prevê essas competências”, nem o enfermeiro é obrigado a ter carta de condução. “Este braço de ferro que também é da Unidade Local de Saúde é que está a causar estes constrangimentos”, lamenta.
A condução dos veículos por enfermeiros “põe em risco os circuitos dos limpos e sujos, coloca em risco a segurança dos profissionais e dos cuidados de saúde prestados”, acrescenta ainda o dirigente sindical, ao afirmar que os profissionais de saúde “não tem de estar preocupado com a condução, o abastecimento, a manutenção ou estacionamento”, revelando que já há casos em que os enfermeiros foram multados.
“E em caso de acidente em que o enfermeiro tem a culpa ou alguém fica amputado?”, questiona ainda Ivo Gomes, que aponta que a solução terá de passar pela disponibilização de um motorista para transportar os enfermeiros.
Ivo Gomes admite que este constrangimento está a provocar falhas nos cuidados domiciliários, apenas porque “estão a ser sonegadas as condições aos enfermeiros para irem aos domicílios prestar os cuidados de saúde”.