Residentes na rua Casal das Rosas, na Cruz da Areia, Leiria, Natalino Santos e a esposa, Maria das Dores Santos, dizem viver há cerca de quatro anos “um desassossego”, com o barulho “constante” do ginásio localizado a “30 metros” de sua casa.
“É muito complicado aguentar o barulho constante, todos dos dias da semana, sábado, feriados e agora até aos domingos”, relatou Maria das Dores na última reunião de câmara, onde o casal expôs a situação.
Segundo Natalino Santos, ao longo dos tempos já foram apresentadas “dezenas de reclamações”, que “não deram em nada”. “É um pavilhão em chapa metálica, com portões de correr, sem nenhum isolamento”, denunciou o morador, assegurando que, dentro de sua casa, que “tem vidros duplos”, consegue ouvir “as instruções dos treinadores, os pesos a cair e os gritos” provenientes do ginásio, “mesmo com a televisão ligada”.
“É humanamente impossível aguentar. Não temos direito a um mínimo de tranquilidade dentro de nossa casa”, desabafou, contando que a esposa chega a andar com “algodão nos ouvidos”.
Admitindo que a situação possa causar “transtorno” e “sofrimento” aos moradores, o presidente da câmara sublinhou, no entanto, que a autarquia só pode actuar com “provas”. Pelo que, desafiou os queixosos a solicitarem uma avaliação acústica na habitação. “
“Só mediante esses resultados podemos actuar”, alegou o vereador Luís Lopes, explicando que, de acordo com o regulamento do ruído, essa avaliação deve ser feita em “elemento receptor sensível”, ou seja, na habitação dos queixosos, com instalação de dispositivo de medição. “Sem isso, não podemos notificar [o proprietário do ginásio] e exigir medidas correctivas, se for o caso”, acrescentou.
Rodrigo Couto, proprietário do Crossfit Leiria, o ginásio em causa, garante que o espaço funciona “dentro de toda a legalidade”, o que, alega, “está provado nos ensaios acústicos” já efectuados. Além disso, conta que já foi pedido aos queixosos para fazerem avaliação acústica, mas “eles recusaram”.
Segundo o proprietário, também se propuseram a colocar painéis acústicos entre os pavilhões e a habitação do casal, o que “não foi aceite”. “É uma situação de clara implicância connosco e de perseguição. Tudo o que fazemos os incomoda. Quando fizemos obras, também apresentaram queixa”, critica Rodrigo Couto.