Quando dois músicos do universo Omnichord se juntam numa nova banda, espera-se ouvir o som de uma geração. A ideia agora conhecida como Sfistikated existe desde o período anterior à pandemia e vai a palco pela primeira vez na próxima edição do festival A Porta. É o projecto de dois amigos, que se conhecem desde crianças e partilham influências, além de gostos.
O concerto de apresentação de João Marques (First Breath After Coma) e Roberto Oliveira (Whales) está agendado para 17 de Junho na Stereogun, com três convidados: Muco (cantor, compositor e produtor natural de Londres), Teddy Trillion (rapper e produtor também baseado na capital inglesa) e Pedro Carvalho (vocalista, teclista e produtor de Whales).
Por enquanto, o único registo de Sfistikated disponível publicamente é “Chrysalis”, menos de minuto e meio, já distribuído digitalmente através das plataformas Spotify, Tidal, Apple Music, Soundcloud e YouTube.
“Assinala a transformação de um estado imaturo para um estado maduro e é o nosso grito de nascimento”, lê-se na mensagem deixada pela dupla de Leiria nas redes sociais.
O vídeo com assinatura de Ângela Bismarck salienta a estética de uma colaboração criativa que está muito mais próxima das pistas de dança do que de um hino rock.
O que se escuta, então, em Sfistikated? O que têm, novo, para dizer? “O facto de estarmos a colaborar com artistas internacionais que admiramos, mas, principalmente, de nos ligarmos ao pop e hip hop, que são dois mundos não tão claros na linguagem de First Breath After Coma ou Whales”, explicam ao JORNAL DE LEIRIA. “Embora não nos consideremos um projecto assumidamente de dance music, sentimos que temos faixas que fazem todo o sentido numa pista de dança”.
Sfistikated, nome que se inspira na reprodução de uma pintura de Basquiat colocada no espaço onde ensaiam, significa, por outro lado, a oportunidade para trabalharem com pessoas que sempre admiraram, fora das bandas de origem. “Procurar vozes da pop, do hip hop, do rap e do mundo nas nossas colabs”. É o caso em “Ordinary Space”, que será o primeiro single e traz a bordo as colaborações de Muco e de Justin Christopher.
Como quem viaja sem destino definido à partida, João Marques e Roberto Oliveira estão a aproveitar a “liberdade infinita de experimentações” proporcionada por um caminho iniciado “do zero”. Ao encontro de ambientes com características da electrónica, querem sobretudo explorar “o uso do glitch e granulares e a disrupção rítmica”. Há material suficiente para o primeiro longa duração e é muito provável que o álbum de estreia chegue ainda em 2022.
“Fomos explorando sonoridades e deixando bastantes músicas para trás até descobrirmos realmente o que queríamos fazer”, adiantam. “Sermos um duo, que é completamente diferente do que estamos habituados, obriga- nos a sair da nossa zona de conforto”.
Com apenas algumas semanas até à estreia na Stereogun, as expectativas são cada vez maiores. “Estamos ansiosos para mostrar o que andámos a cozinhar”. Depois de tocarem juntos no colectivo The Rumbles (com Vasco Silva, dos Whales, e Débora Umbelino, agora conhecida artisticamente como Surma), João Marques e Roberto Oliveira seguiram percursos criativos sempre próximos, embora separados. O festival A Porta volta a reuni-los, já no próximo mês.