Quase a meio do mandato autárquico, Gonçalo Lopes assumiu a presidência da Câmara de Leiria, por força da saída de Raul Castro, que encabeça a lista do PS à Assembleia da República pelo distrito e que irá assumir o cargo de deputado.
Com esta saída, Gonçalo Lopes 'herdou' a liderança da Câmara, com uma situação financeira confortável – bem diferente daquela que Raul Castro encontrou em 2009, quando ganhou, pela primeira vez, a Câmara -, mas herdou também processos difíceis, que, nos últimos anos, fizeram correr muita tinta e que, em alguns casos, foram alvo de polémica e contestação.
É disso exemplo o pavilhão multiusos, agora denominado por Centro de Actividades Municipal, a conclusão do topo Norte do estádio, a requalificação da Avenida Heróis de Angola ou a eventual pedonalização de ruas no centro histórico. No caso da Heróis de Angola, a necessidade de obra é consensual, mas o tipo de intervenção a fazer já suscitou e prevê-se que continue a suscitar muita discussão, nomeadamente, em torno da sua pedonalização e eventual cobertura, como defendia Raul Castro.
Para já, estão a ser elaborados os projectos para a primeira fase da intervenç ão, que abrangerá as infra-estruturas, sendo que a Câmara já encomendou também projectos de execução da cobertura parcial da avenida.
[LER_MAIS] Em relação ao pavilhão multiusos – que fazia parte das 120 medidas com que Raul Castro se apresentou ao eleitorado em 2009 -, depois de um concurso de ideias polémico, a equipa vencedora, liderada pelo arquitecto Pedro Cordeiro, está a concluir os projectos (arquitectura e especialidades). Não há ainda uma data para o início da obra, mas é expectável que, pela sua dimensão e complexidade, este venha a ser um dossier difícil.
Também em fase de elaboração de projectos encontra-se a conclusão do topo Norte do estádio, inacabado há mais de 15 anos, com a criaç ão de um centro de negócios na área das TICE (Tecnologias da Informação, Comunicação e Electrónica) e um centro associativo.
Por definir, continua a ocupação da torre nascente, para onde chegou a ser anunciada a instalação de serviços de Finanças. O negócio de permuta de parcelas entre o Município e o Estado, que viabilizaria essa ocupação, saiu gorado, mas, segundo noticiou recentemente o Região de Leiria, a solução pode agora passar pelo arrendamento do espaço à Autoridade Tributária.
O JORNAL DE LEIRIA questionou o actual presidente da Câmara sobre esta situação, mas não obteve resposta, o mesmo acontecendo sobre o pedido de informação sobre o ponto da situação dos vários processos referidos neste artigo.
Outro dossier difícil que o executivo agora liderado por Gonçalo Lopes tem em mãos – e que Raul Castro já havia herdado – é o do estádio, que 16 anos depois da inauguração, já está a dar sinais da passagem do tempo, com tendência para se agravarem. Quando ainda faltam pagar cerca de 30 milhões de euros referentes aos empréstimos para a construção, a Câmara prepara-se para fazer obras de reparação que ultrapassarão meio milhão de euros. A par da dívida e dos custos de manutenção, outra das preocupações relacionadas com o estádio prende-se com a sua rentabilização e maior utilização.
Difícil é também o projecto do parque empresarial de Monte Redondo, que está agora sob a alçada de Gonçalo Lopes. Trata-se de um processo que vem já dos mandatos de Isabel Damasceno (PSD) e que, nos últimos dois anos, começou a ver a luz ao fundo do túnel. Na recta final do anterior mandato, a Câmara decidiu adquirir os terrenos que estavam na posse da Gestinleiria, a sociedade criada em 2003 com capital maioritariamente privado com objectivo de promover a construção daquele parque industrial.
Desde então, avançou o processo de expropriação das parcelas em falta e foi aprovado o estudo prévio do parque, que terá cerca de 61 lotes e onde a Câmara estima gastar cerca de 4,2 milhões de euros. Para já, a Câmara não avança com uma data para o início das obras.
Com a assunção dos pelouros que estavam atribuídos ao presidente, Gonçalo Lopes deixou o da Cultura, o qual liderou durante os dez anos em que esteve como vereador e que agora está sob a alçada de Anabela Graça.