Quando muitos temeram despedimentos e outros tantos foram efectivamente dispensados, devido a todas as dificuldades que a pandemia trouxe às empresas, algumas pessoas optaram por deixar os seus empregos para se lançarem em projectos novos, onde pensavam encontrar mais equilíbrio e prazer.
Catarina Monteiro e Bela Dina estão entre as felizardas empreendedoras que, com novas carreiras profissionais, nascidas da Covid-19, não voltariam atrás nas suas escolhas.
Bela Dina, de 42 anos, natural da Marinha Grande, era administrativa na indústria de moldes. Em Março de 2020, a chegada da pandemia veio agravar a sua “saturação” da profissão, onde já há algum tempo se [LER_MAIS]sentia consumida pelo “stress” e “nada preenchida”. Mesmo sem plano B, decidiu sair.
Em casa, com mais tempo livre, pôde dedicar-se aos trabalhos manuais, que sempre teve como passatempo. Inicialmente fez bordados e costuras para as amigas. Mas “depressa começaram a chover encomendas”. Foi então que pensou que poderia fazer disso a sua ocupação principal.
Posteriormente, começou a fazer brincos, “com material que já não mexia há 20 anos”.
“Era só uma experiência, mas correu bem”, nota a empreendedora que, através da marca Blooming, já vende bijuteria para vários pontos do País, também para Inglaterra, Alemanha, Mónaco e Chile.
Catarina Monteiro, de 36 anos, natural de Viseu e residente em Leiria, também decidiu mudar o rumo da sua vida profissional em contraciclo. Engenheira civil de formação, começou a desenvolver as suas malas em 2020 e em plena pandemia, em casa com os filhos, “já não conseguia dar resposta às encomendas”.
Acabou por registar a marca Katrina ainda em 2020 e criou o seu atelier no ano seguinte. Para a jovem empreendedora, foi a chegada da maternidade que a fez perceber que “devia mudar de vida e criar algo novo, algo que chegasse ao coração através da arte”.
Com as suas bases de “geometria, dimensionamento 3D e sentido de harmonia”, concebe as suas malas e acessórios, para senhora, homem e criança, produzidas com o apoio da sua colaboradora.
“Em todos os produtos apostamos no design e criatividade, sempre com foco na produção sustentável, nunca descurando a qualidade. Temos alguns modelos pré-definidos, aos quais os clientes podem solicitar adaptações, podendo fazer ainda artigos completamente personalizados e de raiz”, especifica a empresária, que tem atelier em Leiria.
“Por cá, os artigos são apreciados por pessoas que gostam de produtos de qualidade, exclusivos, com detalhes adicionais. Mas temos também clientes na Suíça, Espanha, França, Inglaterra, Bélgica e Canadá. Os clientes compram uma vez e apaixonam-se pela Katrina, voltando sempre a readquirir os nossos produtos”, expõe Catarina Monteiro, que em nada se arrepende da sua aposta, com a qual já criou dois postos de trabalho.