Depois de tantos anos de dedicação ao jornalismo, uma paixão imensa que esse ofício nem sempre soube corresponder, eis que a luso-brasileira Adriana Afonso acarinhou uma nova profissão. Além de continuar a alimentar a sua personalidade comunicativa, o trabalho na Universidade de Coimbra devolveu- lhe a oportunidade de privar com jovens brasileiros e de, não raras vezes, voltar viajar por terras de Vera Cruz.
Nascida em 1972, Adriana Afonso era a única menina entre cinco irmãos educados no seio de uma família de minhotos emigrados no Brasil. Apesar de ter crescido em Niterói, no Rio de Janeiro, Adriana recorda que a sua educação foi diferente e sempre marcada pela disciplina portuguesa. Além das regras mais rígidas e do vocabulário luso, eram tantos os costumes que a sua família mantinha do outro lado do Atlântico – como o bacalhau cozido com batatas na ceia de Natal – que Adriana foi sempre uma portuguesa no Brasil e, mais tarde, uma brasileira em Portugal.
Numa família de tantos rapazes, a menina depressa se mostrou comunicativa e argumentadora. O pai gostaria que tivesse sido médica, mas Adriana optou sem hesitação por seguir o curso de Jornalismo na Universidade Gama Filho, instituição onde Marcelo Caetano dera aulas. Aliás, antes mesmo de concluir o curso, já Adriana Afonso trabalhava no jornal O Fluminense.
Tempos mais tarde, ver a filha a escrever num periódico que atravessou três séculos e perceber que o nome dela era já conhecido na cidade, tornou-se motivo de orgulho para o pai. Em meados dos anos 90, fazer jornalismo no Brasil, sobretudo na editoria de Polícia, área que mais aliciava a jovem repórter, era mais ou menos como “trabalhar em cenário de guerra urbana”, muitas vezes envolvendo tiroteios.
Um grave acidente de automóvel veio mudar radicalmente o curso da vida de Adriana Afonso. Demasiado tempo confinada à cama, o computador foi aforma encontrada para espreitar o mundo e tentar “rever” Portugal, que não visitava há muitos anos. E foi através da internet, e do mirc, que veio a conhecer o futuro marido, que residia em Leiria. [LER_MAIS]Em pouco tempo a paixão adensou-se e os jovens casaram.
Dia 1 de Abril de 1998 Adriana chegava a Leiria para recomeçar uma vida, agora feita a dois. Começou por trabalhar na 94FM, mas a rádio não seduziu a jovem jornalista, que preferia escrever. Seguiu-se a passagem pelo Diário de Leiria, O Correio (Marinha Grande), O Imparcial (Fátima), O Eco (Pombal) e reportagens pontuais no JORNAL DE LEIRIA, no Região de Leiria e no Expresso. Pelo meio, teve ainda uma passagem rápida pela TVI.
Quando O Eco encerrou, Adriana estava a terminar uma pós-graduação em Imprensa Regional na Universidade de Coimbra. Passou nessa altura a fazer jornalismo como freelancer. Decidiu prosseguir os estudos, primeiro com o mestrado na área da Comunicação e Jornalismo, e depois com o doutoramento em Ciências da Comunicação, também em Coimbra, e cuja tese pretende defender no próximo ano. E a sorte sorriu na cidade dos estudantes.
Foi na Universidade de Coimbra que Adriana Afonso encontrou emprego no departamento das Relações Internacionais, mais concretamente nas relações com o Brasil. O seu trabalho consiste agora em captar e acompanhar a integração de jovens brasileiros durante os estudos nesta instituição.
Gosta de ajudar estes alunos da mesma forma como gostaria de ter sido apoiada quando chegou a Portugal. Entretanto já teve a oportunidade de privar com alunos vindos de Niterói e de viajar pelo Brasil. Sente-se muito satisfeita com a vida que foi encontrar em Coimbra, onde reside desde o final do ano passado.